Chefe de gabinete do ministro visita áreas reservadas a presos vulneráveis; governo do DF solicita exame médico antes de transferência
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), iniciou diligências para definir o local onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá cumprir pena de 27 anos e três meses, após condenação por tentativa de golpe de Estado. Na última semana, sua chefe de gabinete, Cristina Kusahara, visitou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, acompanhada da juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.
A inspeção concentrou-se em três áreas do presídio, com destaque para o PDF 1 (Penitenciária do Distrito Federal nº 1), onde está localizada a ala de segurança máxima conhecida como Fox. Essa unidade é destinada a internos com perfil de vulnerabilidade e já recebeu figuras públicas como o ex-senador Luiz Estevão e o ex-ministro Geddel Vieira Lima. O espaço passa por reformas estruturais, incluindo a substituição de vasos sanitários, em preparação para novos detentos.
Cristina também esteve no 19º Batalhão da Polícia Militar do DF, apelidado de “Papudinha”, onde o ex-ministro Anderson Torres esteve preso em 2023. Embora o gabinete de Moraes não tenha se manifestado oficialmente sobre a visita, o Tribunal de Justiça do DF classificou as inspeções como parte da rotina da magistrada.
A sentença contra Bolsonaro, que o torna o primeiro ex-presidente brasileiro condenado por tentativa de golpe, reacendeu o debate sobre o local adequado para o cumprimento da pena. Apesar de ter direito a prisão em unidade militar, essa alternativa é vista com cautela pelo STF e pelo Exército, devido ao risco de aglomeração de apoiadores.
A Polícia Federal mantém uma cela pronta em sua superintendência na capital federal, enquanto a defesa do ex-presidente busca garantir prisão domiciliar, alegando problemas de saúde como câncer de pele e crises recorrentes de soluço.
Diante da possibilidade de transferência para a Papuda, o governo do Distrito Federal solicitou uma avaliação médica especializada. Em ofício enviado a Moraes no dia 3 de novembro, o secretário de Administração Penitenciária, Wenderson Souza e Teles, pediu que Bolsonaro seja submetido a exames clínicos para verificar se possui condições de saúde compatíveis com a estrutura médica e nutricional da penitenciária.
A decisão final sobre o local de cumprimento da pena caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que envolve Bolsonaro e outros integrantes do chamado “núcleo duro” da tentativa de golpe, como os ex-ministros Walter Braga Netto, Paulo Sérgio, Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Anderson Torres, além do ex-chefe da Marinha Almir Garnier Santos e o tenente-coronel Mauro Cid.



