Ex-primeira-dama usa redes sociais e discurso religioso para consolidar imagem como possível candidata do PL à sucessão de Lula
Recuo de Tarcísio abre espaço no PL
O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (PL), confirmou nesta segunda-feira (29) que deve buscar a reeleição em 2026, afastando-se da possibilidade de ser o principal nome da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial.
“Sou candidato à reeleição, como eu tenho dito. Isso já está claro. Vim fazer uma visita de cortesia, visitar um amigo”, declarou Tarcísio, em tom de recuo, frustrando setores do centrão, da Faria Lima e de veículos liberais que o viam como alternativa viável na chamada terceira via.
Michelle ocupa o espaço deixado
Poucas horas após o anúncio do governador, Michelle Bolsonaro (PL) intensificou sua movimentação política. A ex-primeira-dama, que disputa protagonismo com os enteados Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro dentro do clã, lançou mensagens nas redes sociais sugerindo sua disposição em assumir a linha de frente da oposição.
No Instagram, recuperou declarações já feitas ao jornal britânico Telegraph, em que se disse pronta para “cumprir a vontade de Deus” e atuar “como uma leoa” em 2026, sem especificar cargo.
Aliança com Ciro Gomes e ataques a Lula
Michelle também publicou um vídeo de Ciro Gomes (PDT), que tem participado de encontros com lideranças da direita bolsonarista. No material, Ciro acusa o presidente Lula de utilizar a crise diplomática com o governo de Donald Trump como forma de encobrir supostos desvios no INSS — afirmação sem respaldo em fatos.
À noite, a ex-primeira-dama voltou a se manifestar, desta vez no X (antigo Twitter), usando o slogan “leoas alicerçadas” para convocar apoiadoras do PL a “Edificar uma Nova Nação”. A expressão remete ao título de seu livro recém-lançado, no qual apresenta uma visão de política inspirada em valores evangélicos.
Discurso voltado ao eleitorado feminino conservador
Presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro tem estruturado grupos regionais e aposta no eleitorado feminino conservador como principal base de apoio. Em publicação, destacou:
“As mulheres são mais da metade da população e do eleitorado no Brasil. As mulheres de bem representam quase a totalidade desses números. A verdadeira mudança para a melhoria da vida das pessoas no país virá pelas mãos e pelos corações femininos.”
A fala reforça a tentativa de consolidar sua imagem como representante de um movimento que une religião, política e protagonismo feminino na direita brasileira.