Pesquisa Serasa revela que 84% dos brasileiros valorizam a orientação financeira infantil, mas apenas 39% dos pais utilizam a mesada, uma ferramenta prática para ensinar as crianças a lidar com o dinheiro
“Educar financeiramente uma criança significa, acima de tudo, desenvolver hábitos e valores. Quando o tema é incorporado às conversas cotidianas, os pais contribuem para que os filhos entendam o valor do dinheiro, as consequências das escolhas e a relevância do planejamento. Aprendizados que os acompanharão por toda a vida”, destraca Marco Loureiro.
A maioria dos consumidores brasileiros reconhece a importância da educação financeira na formação de crianças e adolescentes. Uma pesquisa recente da Serasa sobre hábitos familiares revelou que 84% dos entrevistados consideram crucial que os jovens recebam orientação sobre o tema.
Apesar dessa percepção, ainda há uma lacuna entre o desejo e a prática familiar. Embora 85% dos pais afirmem conversar sobre dinheiro com os filhos, apenas 39% têm o costume de oferecer mesada — um dos instrumentos mais eficazes para o ensino prático de gestão financeira. Entre os que repassam o valor mensalmente, 53% oferecem até R$ 60. A mesada é mais comum na faixa etária entre 6 e 11 anos (54%).
O papel da família na conscientização
Devido à ausência de uma estrutura sistematizada nas escolas, a responsabilidade pela educação financeira dos jovens ainda recai majoritariamente sobre o ambiente doméstico. Marco Loureiro, sócio e líder regional da XP no Centro-Oeste, enfatiza que o diálogo deve ser natural e constante.
Loureiro explica que os pais devem envolver os filhos em pequenas decisões financeiras desde cedo. Ele sugere o mês das crianças como uma oportunidade para começar: “Em vez de simplesmente dar um presente, os pais podem combinar um orçamento, pesquisar preços juntos”.
Dicas essenciais para a prática
O especialista oferece orientações práticas para que os pais possam iniciar ou aprimorar a educação financeira dos filhos:
- Comece pelo Exemplo: O comportamento financeiro dos pais é o principal modelo. Demonstrar organização e controle nos gastos é fundamental para influenciar positivamente os filhos.
- Mesada como Recurso: A mesada deve ser mais do que um valor simbólico, funcionando como uma ferramenta que ensina a criança a administrar recursos, respeitar limites e fazer escolhas.
- Defina Metas e Objetivos: Incentivar a criança a economizar para comprar algo desejado ajuda a desenvolver disciplina e paciência em relação ao consumo.
- Valorize o Esforço: Explique que o dinheiro é o resultado de trabalho e tempo, criando uma consciência clara sobre o valor do consumo e a importância do ganho.
- Use o Lúdico: Aplicativos, jogos e brincadeiras que tornam o aprendizado divertido são ferramentas eficazes para adequar o tema à faixa etária.
“Educar financeiramente uma criança é plantar um futuro mais equilibrado. Quanto antes o tema for tratado, mais chances ela terá de se tornar um adulto que faz escolhas conscientes e evita o endividamento”, conclui Loureiro.