Pesquisas apontam proteínas no sangue e moléculas derivadas da vitamina K como possíveis aliados na preservação da saúde do cérebro
Dois estudos recentes trouxeram avanços importantes para compreender os mecanismos do envelhecimento cerebral. Embora tenham abordagens distintas, ambos se complementam ao indicar potenciais caminhos para preservar a memória e retardar o declínio cognitivo.
A primeira pesquisa, publicada na revista Clinical Nutrition, identificou a atuação de duas proteínas presentes no sangue — galectina-9 e decorina. Os cientistas observaram que pessoas com envelhecimento cerebral acelerado, incluindo maior perda de memória e alterações estruturais, apresentavam níveis diferentes dessas substâncias em comparação às que envelheciam de forma mais preservada. A descoberta sugere que esses marcadores biológicos podem funcionar como sinais de alerta precoce, permitindo identificar indivíduos com maior risco de comprometimento cognitivo.
Já o segundo trabalho, divulgado na ACS Chemical Neuroscience, concentrou-se em testes laboratoriais e em modelos animais. Os pesquisadores desenvolveram análogos da vitamina K, capazes de estimular células do sistema nervoso a se transformarem em neurônios. Uma das moléculas mostrou maior potência que a vitamina natural e, além disso, conseguiu atravessar a barreira hematoencefálica — responsável por proteger o cérebro contra substâncias nocivas. O resultado abre a perspectiva de desenvolvimento de terapias voltadas à regeneração e proteção das células cerebrais.
Apesar de investigarem aspectos distintos — biomarcadores em humanos e moléculas experimentais em animais —, os dois estudos convergem ao destacar a importância de aprofundar a compreensão do envelhecimento cerebral. Detectar precocemente fatores de risco e explorar novas alternativas terapêuticas são passos essenciais para manter a saúde neurológica ao longo da vida.