Um médico canadense de 60 anos identificou que estava sofrendo um infarto enquanto prestava atendimento a um paciente com o mesmo quadro.
O caso ocorreu em novembro de 2023 no Hospital Timmins and District, no Canadá, e foi recentemente compartilhado pela instituição como um alerta durante o mês de conscientização sobre saúde do coração, celebrado em fevereiro no país.
Chris Loreto relatou que vinha sentindo dores no peito há cerca de quatro meses e meio, com desconforto que se espalhava para a garganta, os dentes e os ouvidos. Os sintomas surgiam principalmente durante a corrida, mas ele acreditava que se tratava de refluxo ácido e não procurou avaliação cardiológica.
Ao buscar atendimento com seu médico de família, Loreto omitiu que as dores ocorriam durante o esforço físico, o que reconheceu posteriormente como um erro. Ele iniciou um tratamento para refluxo, mas não apresentou melhora com o passar dos meses.
No dia 12 de novembro, enquanto jogava hóquei, sentiu uma dor intensa que persistiu nos ombros. Apesar do desconforto, foi trabalhar normalmente na manhã seguinte. No fim de seu turno, atendeu um paciente que sofreu um infarto fulminante. Durante conversa com a esposa desse paciente, Loreto percebeu que os sintomas descritos eram idênticos aos que ele mesmo vinha sentindo. — A história dele era a minha história — afirmou o médico.
Ao compartilhar seus sintomas com colegas, recebeu uma resposta direta: foi chamado de “estúpido” por não ter procurado ajuda antes. Convencido a realizar exames, fez um eletrocardiograma e análises laboratoriais, que confirmaram o infarto.
Inicialmente, Loreto resistiu ao diagnóstico e chegou a solicitar que sua escala de plantão fosse mantida no fim de semana. No entanto, seus colegas insistiram na necessidade de tratamento imediato. Ele foi transferido para um hospital especializado em Toronto, onde recebeu um stent e iniciou a reabilitação cardiaca.
O histórico familiar também foi um fator determinante: seu pai, também corredor, teve um infarto aos 59 anos. — Esse é o poder da genética — destacou Loreto, que acredita que seu estilo de vida ativo tenha evitado um evento mais grave. No entanto, reconhece que deveria ter buscado atendimento mais cedo. — Somos ótimos em cuidar dos outros e péssimos em cuidar de nós mesmos — comentou.
Aos pacientes, ele deixa um conselho: “Façam o que eu digo, não o que eu faço”. Durante sua transferência para Toronto, reencontrou o paciente que havia salvo e ouviu de sua esposa um agradecimento pela vida do marido. Em resposta, disse: “Não, agradeça a ele por salvar a minha vida”. Atualmente, Loreto segue afastado do trabalho e em reabilitação cardiaca.
(Fonte: O Globo)