A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou nesta sexta-feira (28) a demissão de Dorival Júnior do comando da seleção brasileira. A decisão foi tomada após a goleada sofrida por 4 a 1 diante da Argentina, em Buenos Aires, que escancarou as fragilidades da equipe e intensificou a pressão sobre o treinador.
“A CBF nesse momento anuncia que encerrou o ciclo do Dorival Júnior”, declarou o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, em breve pronunciamento após reunião com o técnico na sede da confederação, no Rio de Janeiro. “A partir de agora é que vamos trabalhar na busca de um substituto”, acrescentou.
Carlo Ancelotti, atualmente no Real Madrid, e Jorge Jesus, treinador do Al Hilal, aparecem como os principais nomes especulados nos bastidores da CBF. Apesar das especulações, Ednaldo negou que a busca por um novo comandante tenha sido iniciada antes da oficialização da saída de Dorival.
O próximo treinador será o quarto a ocupar o cargo em um intervalo inferior a dois anos e meio — evidência de instabilidade no ciclo que visa à Copa do Mundo de 2026, marcada para ocorrer em pouco mais de um ano.
À frente da seleção, Dorival somou sete vitórias, sete empates e duas derrotas em 16 partidas. A equipe marcou 25 gols e sofreu 17, com um aproveitamento de 58,3%. Ao longo de sua gestão, 58 jogadores foram convocados, mas a equipe não conseguiu apresentar um padrão de jogo consistente.
Dorival assumiu a seleção em um momento delicado, após o fracasso do ciclo de 2023, marcado pelas passagens interinas de Ramon Menezes e Fernando Diniz. Também enfrentou a ausência prolongada de Neymar, lesionado durante a maior parte do período.
Nos primeiros compromissos, os sinais eram promissores. A vitória sobre a Inglaterra, em Wembley, com gol de Endrick, e o empate por 3 a 3 contra a Espanha no Santiago Bernabéu geraram expectativa de retomada. No entanto, a evolução esperada não se confirmou.
Durante a Copa América, o desempenho da seleção foi aquém do esperado. A equipe empatou com Costa Rica e Colômbia na fase de grupos e avançou sem empolgar. Nas quartas de final, foi eliminada pelo Uruguai nos pênaltis, após empate sem gols no tempo regulamentar — mesmo com um jogador a mais na reta final. Além do resultado, repercutiu negativamente a imagem de Dorival fora da roda de jogadores no momento das cobranças, interpretada por alguns como sinal de afastamento do grupo.
Nas Eliminatórias Sul-Americanas, o desempenho também decepcionou. Derrotas para o Paraguai e empates em casa contra a Venezuela agravaram o cenário. Críticas à gestão do elenco se intensificaram, especialmente pela pouca utilização de Endrick, a insistência em atletas em má fase, como Danilo, e escolhas táticas questionadas — com esquemas de marcação pesada e escassez de meias criativos.
A goleada diante da Argentina representou o estopim. Com o meio-campo dominado do início ao fim, a atuação serviu como retrato das deficiências da equipe sob o comando de Dorival.
Pressionado por torcedores e pela opinião pública, Ednaldo Rodrigues convocou Dorival para uma reunião já com a decisão tomada. O dirigente, porém, ainda não tem um nome definido para assumir o posto até a Copa.
O preferido do presidente da CBF segue sendo o italiano Carlo Ancelotti, que já havia sido alvo da entidade no início da gestão. O treinador, no entanto, tem contrato com o Real Madrid até junho de 2026. Em entrevista nesta sexta-feira, o técnico negou qualquer contato recente com a CBF: “O contrato fala claramente. Não tenho nada a acrescentar. Gosto do Brasil, de seus jogadores e dos torcedores, mas tenho aqui um contrato com o Real Madrid”, afirmou.
Jorge Jesus, que teve passagem vitoriosa pelo Flamengo e atualmente comanda o Al Hilal, é outra alternativa considerada. O técnico português, no entanto, tem relação conturbada com Neymar, que deixou o clube saudita após ser criticado publicamente por ele em relação à forma física e rendimento nos treinamentos.
Ambos os treinadores estão no mesmo grupo do Mundial de Clubes da Fifa, que será disputado nos Estados Unidos entre junho e julho, o que pode adiar a definição de um novo nome para o comando da seleção.
Atualmente, o Brasil ocupa a quarta posição nas Eliminatórias Sul-Americanas, com 21 pontos após 14 rodadas. Os seis primeiros colocados garantem vaga direta no Mundial, enquanto o sétimo disputa a repescagem. A Argentina, já classificada, lidera com 31 pontos.
Na próxima rodada, em junho, o Brasil enfrentará o Equador (2º colocado), fora de casa, no dia 5, e recebe o Paraguai (5º) no dia 10.
Rodrigo Caetano, que permanece como diretor de seleções mesmo após a saída de Dorival, afirmou que ainda não é possível garantir a chegada de um novo técnico até os próximos compromissos. “Seria até uma irresponsabilidade da minha parte [garantir isso]”, disse ao canal Sportv. “Toda interrupção é dolorosa. Principalmente de um cara como Dorival Júnior, que além de ser um grande técnico, também é um grande amigo”, completou, classificando o dia como “triste” na CBF.
Permanecem na comissão técnica o gerente de seleções, Cícero Souza, e o coordenador técnico Juan, ex-zagueiro. “A permanência também de mais alguns funcionários da CBF é justamente porque a ideia do presidente é que tenhamos sempre um backup daquilo que foi desenvolvido até agora. Historicamente, muitas vezes, tudo se reiniciava com uma troca. Nesse caso, ele está procurando fazer diferente”, explicou Caetano.
Números de Dorival Júnior na seleção brasileira (2024–2025):
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Jogos: 16
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Vitórias: 7
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Empates: 7
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Derrotas: 2
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Gols marcados: 25
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Gols sofridos: 17
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Aproveitamento: 58,3%
