Produção semanal ultrapassará 100 milhões de ovos do Aedes aegypti com bactéria que neutraliza vírus
Foi inaugurada neste sábado (19), em Curitiba, a unidade da Wolbito do Brasil, considerada a maior biofábrica do planeta dedicada à criação do mosquito Aedes aegypti inoculado com a bactéria Wolbachia. A iniciativa resulta de uma parceria entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP). A estrutura tem capacidade para produzir até 100 milhões de ovos semanalmente, reforçando o combate às arboviroses como dengue, chikungunya e zika.
“A inauguração dessa fábrica coloca o Brasil, por meio dessa associação da Fiocruz com o Tecpar, aqui no Paraná, na linha de frente dessa tecnologia para todo mundo”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a cerimônia.
Expansão do método Wolbachia: mais cidades serão atendidas
A nova unidade atuará inicialmente em apoio ao Ministério da Saúde, que determina os municípios beneficiados com base nos índices epidemiológicos. O método já foi aplicado com sucesso em localidades como Tubiacanga e Jurujuba, no Rio de Janeiro e em Niterói, e expandido posteriormente para cidades como Londrina, Foz do Iguaçu, Joinville, Petrolina, Belo Horizonte e Campo Grande. Em fase de implantação estão municípios como Presidente Prudente, Uberlândia e Natal.
A próxima etapa do projeto prevê a introdução do método em Balneário Camboriú, Blumenau e novas regiões de Joinville, todas em Santa Catarina, além de Valparaíso de Goiás, Luziânia e Brasília, no Distrito Federal. A biofábrica informa que o processo encontra-se em fase de mobilização comunitária, e a liberação dos mosquitos deve ocorrer no segundo semestre.
Tecnologia segura e complementar aos métodos tradicionais
O método Wolbachia dispensa o uso de mosquitos geneticamente modificados. Segundo o WMP, trata-se de uma abordagem biológica complementar às práticas tradicionais de controle do Aedes aegypti. A Wolbachia, uma bactéria naturalmente presente em cerca de 50% das espécies de insetos, impede a multiplicação dos vírus da dengue, zika e chikungunya nos mosquitos infectados, que ao se reproduzirem transmitem a bactéria a seus descendentes.
Desde o início da década de 2010, cientistas brasileiros têm desenvolvido com segurança mosquitos infectados com cepas específicas de Wolbachia, promovendo vantagens reprodutivas em relação à população não inoculada.
Impacto econômico: economia potencial de até R$ 549 por real investido
De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a relação custo-benefício do método é expressiva: para cada R$ 1 investido, estima-se uma economia que varia entre R$ 43,45 e R$ 549,13 em despesas públicas com tratamentos médicos, internações e aquisição de medicamentos.