Presidente venezuelano reage a movimentações militares norte-americanas no Caribe e afirma que ações contra o narcotráfico são usadas como pretexto político
Durante um pronunciamento transmitido pela TV estatal venezuelana nesta quinta-feira (23), o presidente Nicolás Maduro fez um apelo direto aos Estados Unidos em meio ao aumento da tensão militar na região. Em inglês, o líder afirmou: “No crazy war. Peace, please” (“Sem guerra louca. Paz, por favor”, em tradução livre).
A declaração foi dada pouco depois de o governo do então presidente norte-americano Donald Trump anunciar o início de operações terrestres contra cartéis de drogas, alegando que o objetivo é “combater o tráfico de entorpecentes”.
Washington intensifica ações no Caribe
O aumento da tensão teve início em agosto, quando Washington enviou contratorpedeiros, um submarino e embarcações com forças especiais para águas internacionais do Caribe. Desde 2 de setembro, os Estados Unidos já realizaram nove ataques contra embarcações e submersíveis, que, segundo o governo americano, pertenciam a organizações de narcotráfico.
De acordo com Washington, 37 pessoas foram mortas nas operações, identificadas como supostos traficantes de drogas.
Caracas denuncia motivação política
Para o governo venezuelano, as ações norte-americanas não passam de um movimento político. Autoridades de Caracas afirmam que a ofensiva seria parte de um plano para destituir Maduro e assumir o controle das reservas de petróleo do país, consideradas as maiores do mundo.
Fontes da imprensa dos Estados Unidos relataram que, desde o mês passado, a Casa Branca avalia uma ofensiva militar direta contra a Venezuela, com o pretexto de combater o narcotráfico. Estruturas ligadas a cartéis seriam os primeiros alvos, mas analistas apontam que a operação poderia resultar na queda do presidente venezuelano.
Acusações e resposta militar venezuelana
Washington acusa Maduro de comandar o Cartel de los Soles, grupo que o governo americano classificou recentemente como organização terrorista internacional. A designação abre caminho para que o presidente venezuelano seja tratado como alvo legítimo em futuras ações militares.
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, também se manifestou sobre o assunto. “Sabemos que a CIA está presente na Venezuela”, declarou. “Podem enviar quantas unidades quiserem em operações encobertas a partir de qualquer ponto do país. Qualquer tentativa vai fracassar”, completou.



