Presidente retoma pautas defendidas por centrais sindicais e acena a mudanças após sancionar reforma do Imposto de Renda
Governo recoloca na agenda debate sobre jornada e benefícios trabalhistas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender uma revisão na jornada de trabalho e indicou apoio à isenção integral da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). As declarações ocorreram nesta quarta-feira (26), durante a cerimônia de sanção da reforma do Imposto de Renda realizada no Palácio do Planalto.
A proposta para zerar a tributação da PLR — hoje cobrada quando o valor ultrapassa R$ 8.214 — foi mencionada pouco antes da fala presidencial por Sérgio Nobre, presidente da CUT, e pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), relator do projeto que amplia a isenção do IR na Câmara. A demanda é antiga das centrais sindicais, que defendem ampliação do poder de compra dos trabalhadores.
Debate sobre jornada volta ao centro do governo
Lula reforçou a necessidade de atualizar o marco trabalhista criado há mais de oito décadas.
“A gente não pode continuar com a mesma jornada de trabalho de 1943”, afirmou. Segundo ele, “os métodos são outros, a inteligência foi aprimorada, essa revolução digital mudou a lógica da produção”.
A discussão sobre a redução da carga semanal e o fim da escala 6×1 — reivindicações tradicionais da esquerda — tem sido gradualmente abraçada pelo governo. O presidente já havia criticado anteriormente o modelo e defendido um debate mais aprofundado sobre formas de modernização das relações trabalhistas.
Isenção do IR e impacto para trabalhadores
Durante o discurso, Lula afirmou que a sanção da nova faixa de isenção do Imposto de Renda é relevante, mas insuficiente para transformar o país. Ele reiterou que o governo pretende elevar o Brasil ao patamar de nação de renda média e reduzir desigualdades sociais.
A medida, prometida durante a campanha eleitoral, isenta do IR quem ganha até R$ 5.000 mensais. Estimativas do Ministério da Fazenda indicam que cerca de 15 milhões de brasileiros deixarão de pagar o tributo.
Para compensar a renúncia fiscal, haverá aumento da cobrança sobre os chamados super-ricos — aproximadamente 140 mil contribuintes com rendimentos superiores a R$ 600 mil por ano, o equivalente a R$ 50 mil mensais.
Ausências simbólicas no evento
A cerimônia desta quarta-feira ocorreu sem a presença dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A ausência dos dois líderes é interpretada como mais um indicativo do desgaste entre o Executivo e a cúpula do Legislativo, num momento em que o governo tenta avançar em agendas econômicas e sociais.



