A ligação, que durou cerca de uma hora, foi confirmada por nota oficial do Palácio do Planalto e pela agência estatal chinesa Xinhua.
Em conversa telefônica realizada na segunda-feira (data não especificada), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping discutiram o fortalecimento do Brics, a defesa do multilateralismo e novas oportunidades comerciais entre Brasil e China.
Cooperação estratégica no Brics e no G20
Segundo o comunicado brasileiro, “ambos concordaram sobre o papel do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo”. A declaração reforça o alinhamento entre os dois países em fóruns internacionais, especialmente no contexto da presidência brasileira do Brics, que se estende até o fim deste ano.
Durante entrevista à agência Reuters, concedida na quarta-feira anterior à ligação, Lula afirmou que pretende dialogar com diversos líderes sobre a atuação do bloco. Questionado sobre uma possível articulação entre os países membros, respondeu: “Ainda não tem, mas vai ter.”
Desde então, o presidente brasileiro conversou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e recebeu uma ligação do presidente russo, Vladimir Putin.
Xi Jinping defende unidade do Sul Global
De acordo com a Xinhua, Xi Jinping classificou o Brics como “uma plataforma fundamental para a construção de consenso no Sul Global” e manifestou disposição em trabalhar com o Brasil para “dar exemplo de unidade e autossuficiência entre as principais nações do Sul Global”.
A mídia chinesa também destacou que Xi considera os laços bilaterais com o Brasil como “os melhores da história”, e defendeu que os dois países atuem conjuntamente na busca por soluções políticas para a crise na Ucrânia e outros desafios globais.
Comércio agrícola impulsiona relação bilateral
O comércio de produtos agrícolas permanece como um dos pilares da relação econômica entre Brasil e China. O país asiático, maior importador mundial de soja, tem no Brasil seu principal fornecedor da commodity. Além disso, empresas brasileiras de café vêm ganhando espaço no mercado chinês, especialmente após a imposição de tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos.
Na semana anterior à conversa entre os líderes, a China manifestou apoio ao Brasil diante do que classificou como “comportamento intimidador” relacionado à imposição de tarifas excessivas — sem mencionar diretamente os EUA.
Expansão comercial e diplomática
Segundo o Planalto, “ambos os presidentes também destacaram sua disposição em continuar identificando novas oportunidades de negócios entre as duas economias”. A declaração sinaliza o interesse mútuo em ampliar a cooperação comercial e diplomática, com foco em setores estratégicos e em iniciativas conjuntas no cenário internacional.