Em discurso na Assembleia Geral, presidente reage às medidas de Washington contra aliados de Alexandre de Moraes após condenação de Bolsonaro
Críticas às sanções americanas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta terça-feira (23) seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU com críticas às sanções impostas pelos Estados Unidos a autoridades brasileiras ligadas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Sem citar nomes diretamente, o petista afirmou que “não há justificativa para a agressão contra a independência do Judiciário” no Brasil.
As declarações ocorreram um dia após o governo de Donald Trump ampliar a lista de brasileiros atingidos pela Lei Magnitsky, que prevê restrições a pessoas acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. A medida incluiu a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e uma empresa ligada à família do magistrado.
Defesa da soberania brasileira
Lula afirmou que o cenário internacional mostra um “paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia”. O presidente também defendeu a legitimidade da condenação de Jair Bolsonaro (PL), sentenciado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
“Bolsonaro teve amplo direito de defesa. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam”, disse o presidente, em referência indireta a Trump.
Autoridades atingidas pelas medidas
Entre os nomes incluídos na nova rodada de sanções estão Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União (AGU); os juízes Airton Vieira, Marco Antônio Vargas e Rafael Henrique Janela Tamai Rocha; José Levi, ex-advogado-geral da União; Benedito Gonçalves, ex-ministro do TSE; e Cristina Yukiko Kusahara, chefe de gabinete de Moraes.
Segundo uma fonte do Departamento de Estado, além das autoridades, os familiares diretos também tiveram vistos revogados.
Constrangimento diplomático
A decisão de Washington ocorreu durante a visita de Lula aos Estados Unidos, o que elevou a tensão entre os dois países e impôs constrangimento à delegação brasileira em Nova York.