Presidente brasileiro ressalta necessidade de governança global, condena guerras e desastres ambientais, e celebra parcerias com Kuala Lumpur.
Liderança global em falta
No início da madrugada deste sábado (25), em Kuala Lumpur, na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a ausência de lideranças globais contribui para guerras, fome e crises ambientais.
“Na ausência de lideranças, tudo que é de pior pode acontecer”, disse o presidente durante evento com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, ao celebrar acordos de cooperação bilateral.
Lula criticou diretamente a guerra entre Ucrânia e Rússia e o conflito no Oriente Médio, que voltou a chamar de genocídio contra a Palestina. Segundo ele, a falha das instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança da ONU, agrava a situação.
“Quem é que se conforma com a duração da guerra entre a Ucrânia e a Rússia? Quem é que pode se conformar com um genocídio impetrado na Faixa de Gaza durante tanto tempo?”, questionou.
Violência além das armas
O presidente destacou que a violência não se limita aos conflitos armados, mas também atinge civis de formas mais sutis e cruéis.
“Mas a violência de utilizar fome, a vontade de comer de uma criança, como forma de tortura. Quando nós aceitamos isso como normal, nós não estamos sendo seres humanos”, criticou. Lula reforçou que isso acontece porque “as instituições multilaterais pararam de existir”.
Ele também cobrou ações concretas em relação ao meio ambiente. “Como é que nós vamos evitar que o planeta possa ser destruído, se nós sabemos o que está destruindo o planeta e não tomamos atitude para evitar que ele seja destruído?” afirmou, destacando que a COP30, marcada para Belém, será “a COP da verdade”.
Parceria Brasil-Malásia
Durante a visita, Lula enfatizou que a relação entre os dois países vai além de interesses comerciais, que somam cerca de US$ 5,8 bilhões por ano em exportações e importações. Ele citou acordos de cooperação em ciência e tecnologia e lamentou que nenhum presidente brasileiro tenha visitado a Malásia nos últimos 30 anos.
“A relação do Brasil com a Malásia muda de patamar a partir de hoje. Eu não vim aqui apenas com o interesse de vender ou com o interesse de comprar. Nós temos possibilidade de mudar o mundo, de fazer com que as coisas sejam melhores.”
O presidente reforçou ainda a defesa do humanismo e do papel do Estado no apoio aos mais pobres.
“Governar é fazer escolhas, é decidir de que lado você está. Para um governante, andar de cabeça erguida é mais importante que um Prêmio Nobel. Cuidar das pessoas mais humildes é quase uma missão bíblica.”
Reconhecimento e cooperação
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, destacou o papel de liderança de Lula e a importância da parceria bilateral. O presidente brasileiro será agraciado com o título de doutor honoris causa pela Universidade Nacional da Malásia, em cerimônia prevista ainda neste sábado.
“Este é um encontro entre amigos que compartilham convicções e ideias. E tenho certeza de que nossos países vão trabalhar juntos como parceiros em diferentes áreas”, afirmou Ibrahim.



