Resultado foi impulsionado por crescimento na produção, avanço nas vendas e valorização do real
A Petrobras apresentou um lucro líquido de R$ 35,209 bilhões no primeiro trimestre de 2025, o que representa um avanço de 48,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o resultado havia sido de R$ 23,7 bilhões. O desempenho veio dentro do intervalo projetado por analistas de mercado, que estimavam ganhos entre R$ 24 bilhões e R$ 41 bilhões.
Além disso, a companhia anunciou o pagamento de R$ 11,72 bilhões em dividendos referentes ao trimestre.
Receita cresce com maior volume de vendas e valorização do real
A receita de vendas da petroleira atingiu R$ 123,144 bilhões entre janeiro e março, crescimento de 4,6% na comparação anual. Entre os principais fatores que sustentaram o desempenho estão o aumento na produção e comercialização de petróleo e combustíveis, bem como ganhos financeiros resultantes da valorização cambial — que sozinha contribuiu com um impacto positivo de R$ 10,6 bilhões no resultado.
Segundo o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, a geração de caixa foi favorecida principalmente pelo avanço de 5% na produção em relação ao trimestre anterior. A companhia investiu US$ 4 bilhões no período, cifra 33% superior à registrada no primeiro trimestre de 2024, mas 29,1% menor do que no último trimestre do ano passado. A maior parte dos recursos foi destinada a projetos do pré-sal, com foco nos campos de Búzios e Atapu.
Indicadores operacionais e financeiros
Em relação ao desempenho operacional, a produção total comercial da Petrobras foi de 2,416 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), representando uma alta de 5,6% frente ao quarto trimestre de 2024. Já na comparação anual, houve leve retração de 0,5%.
Confira os principais indicadores do trimestre:
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Lucro líquido: R$ 35,209 bilhões (+48,6%)
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Receita de vendas: R$ 123,144 bilhões (+4,6%)
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Dívida bruta: US$ 64,491 bilhões (+4,3%)
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Preço médio do dólar: R$ 5,84 (+18%)
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Preço do Brent: US$ 75,66 por barril (-9,1%)
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Preço médio dos derivados: R$ 505,84 por barril (+6,2%)
Sem considerar efeitos extraordinários, o lucro recorrente seria de R$ 23,589 bilhões, queda de 12,1% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
Pré-sal e novas plataformas impulsionam produção
A produção no pré-sal cresceu 3,7% ante o trimestre anterior, alcançando a marca de 1,853 milhão de barris por dia. A alta foi impulsionada pelo menor número de paradas programadas e pelo avanço da infraestrutura em alto-mar.
Dois marcos importantes foram a entrada em operação do FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, e o início da produção em um segundo poço do FPSO Marechal Duque de Caxias, no campo de Mero — ambos na Bacia de Santos.
Instituições financeiras como XP e Itaú destacaram que a elevação na produção, aliada à estabilidade nos preços internacionais do petróleo, sustentaram o desempenho da companhia.
Vendas internas de combustíveis aumentam
A comercialização de combustíveis no mercado doméstico teve alta de 2,9% no trimestre, com destaque para o diesel, que cresceu 6,2%, e a gasolina, que avançou 3,1%.
Outro destaque foi a conclusão das obras de modernização do Trem 1 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), que agora opera com capacidade ampliada para processar 130 mil barris por dia.
De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a entrada em operação de 11 novos poços produtores e o crescimento nas vendas de derivados foram determinantes para o desempenho positivo.
Efeitos extraordinários reforçam resultado
O resultado do trimestre também foi beneficiado por receitas extraordinárias, como os R$ 2,16 bilhões recebidos a título de pagamentos contingentes relativos aos blocos de Sépia e Atapu, fruto do leilão da cessão onerosa realizado em 2019.
A Petrobras também contabilizou R$ 430 milhões provenientes da empresa australiana Karoon, referentes à venda de participação no campo de Baúna, na Bacia de Santos. O valor está atrelado à cotação do petróleo.
Endividamento aumenta com novos contratos de operação
A dívida bruta da companhia alcançou US$ 64,5 bilhões, avanço de 6,9% em comparação ao final de 2024. O aumento decorre da entrada em operação do FPSO Almirante Tamandaré, cuja unidade é afretada, e da prorrogação do contrato do FPSO Cidade de Angra dos Reis até 2030. Juntas, essas operações adicionaram aproximadamente US$ 3 bilhões ao passivo da empresa.