Funicular centenário descarrilou no centro da capital portuguesa; vítimas são de 11 nacionalidades, incluindo um brasileiro ferido. Autoridades investigam possível falha no cabo de tração.
Autoridades investigam causas do acidente
O descarrilamento do Elevador da Glória, um dos principais cartões-postais de Lisboa, provocou a morte de 16 pessoas e deixou outras 21 feridas na quarta-feira (3), segundo balanço da Proteção Civil portuguesa. Entre as vítimas estão cidadãos de pelo menos 11 países, incluindo um brasileiro, que sofreu apenas ferimentos leves e já recebeu alta hospitalar.
O Ministério Público abriu um inquérito para apurar as causas do desastre. Técnicos avaliam a hipótese de rompimento de um dos cabos de tração, embora ainda não haja confirmação oficial. A investigação será conduzida pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários.
Vítimas confirmadas e nacionalidades
Entre os mortos está André Jorge Gonçalves Marques, funcionário da Carris, empresa responsável pela operação do funicular. Em nota, a companhia destacou os 15 anos de dedicação do trabalhador, descrito como “bondoso, feliz e exemplar”.
Também foi confirmada a morte de cidadãos espanhóis, franceses, italianos, suíços, coreanos, canadenses, cabo-verdianos e marroquinos. Uma família alemã está entre as vítimas mais citadas pela imprensa local: o pai morreu no local, a mãe permanece hospitalizada em estado grave e o filho, de três anos, sofreu apenas ferimentos leves.
Manutenção sob questionamento
A manutenção do Elevador da Glória está sob responsabilidade da empresa privada Maintenance Engineering, contratada pela Carris em 2022 por quase € 1 milhão (cerca de R$ 6,3 milhões). Trabalhadores da companhia já haviam denunciado falhas no serviço terceirizado.
De acordo com o contrato, o cabo deveria ser substituído a cada 1.500 dias de uso ou em reparos intermediários. O último acidente registrado no funicular ocorreu em 2018, também relacionado a problemas de manutenção, mas sem vítimas.
Monumento nacional e símbolo turístico
Inaugurado em 1885, o Elevador da Glória transporta anualmente mais de três milhões de passageiros e liga a Praça do Rossio ao Bairro Alto e ao Príncipe Real. O funicular foi declarado monumento nacional em 2002 e é um dos três ícones históricos do sistema de transporte de Lisboa.
A tragédia trouxe à tona debates sobre a conservação de estruturas centenárias que, apesar do valor histórico e turístico, demandam investimentos contínuos em segurança.
Repercussão e solidariedade internacional
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou luto oficial e prestou solidariedade às famílias das vítimas. O prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou que “Lisboa está de luto” e classificou o acidente como “uma tragédia sem precedentes na cidade”.
A tragédia também repercutiu fora de Portugal. Emmanuel Macron (França), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia) manifestaram condolências. No Brasil, o Itamaraty expressou solidariedade ao povo português e colocou o consulado-geral em Lisboa à disposição para atender brasileiros.
Testemunhos reforçam impacto da tragédia
Relatos de sobreviventes e testemunhas reforçam a gravidade do acidente. Teresa d’Avó, que estava no local, contou à emissora SIC que o veículo desceu “desenfreado” pela ladeira até colidir violentamente contra um prédio. “Foi com uma força brutal, parecia sem freios”, disse.
Uma brasileira identificada como Yasmin relatou à CNN que costuma usar o funicular diariamente, mas no dia do acidente optou por caminhar. “Quando cheguei, ele já estava tombado, pessoas no chão, gritos, muito sangue. Nunca vi nada assim”, afirmou.



