O resultado representa um avanço de 9,6 pontos percentuais em relação ao mês anterior, quando a taxa estava em 441% ao ano.
A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito voltou a subir em fevereiro e alcançou 450,6% ao ano, o maior índice registrado para o mês desde 2017. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central, por meio das Estatísticas Monetárias e de Crédito.
Na prática, uma dívida de R$ 800 no cartão de crédito, se mantida por 12 meses sem pagamento, pode chegar a R$ 4.404,80 — sendo R$ 3.604,80 apenas de juros. O crédito rotativo é acionado automaticamente quando o consumidor não quita o valor total da fatura até a data de vencimento e é conhecido por concentrar os encargos mais elevados do mercado financeiro.
Apesar da elevação dos juros médios, desde janeiro está em vigor o teto de 100% para as taxas do rotativo, conforme determinação do Conselho Monetário Nacional, estabelecida em dezembro de 2023. A medida foi autorizada após aprovação de lei pelo Congresso Nacional. Com a nova regra, o montante total de uma dívida não pode ultrapassar o dobro do valor principal — ou seja, um débito de R$ 200, por exemplo, não pode exceder R$ 400, já considerando juros e encargos.
De acordo com o Banco Central, as taxas divulgadas podem dar a impressão de que o limite está sendo descumprido. No entanto, o órgão esclarece que os percentuais refletem apenas uma projeção estatística. O cálculo anual é feito com base na extrapolação das taxas mensais cobradas pelas instituições financeiras — e não corresponde, necessariamente, ao que será efetivamente pago pelos consumidores, que muitas vezes permanecem no rotativo por poucos dias ou semanas.
Segundo Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, a série histórica será mantida, pois continua sendo uma referência importante para acompanhar a trajetória das taxas de juros no país, além de compor os indicadores de custo médio do crédito.
Cheque especial também registra aumento
Segunda modalidade de crédito mais onerosa do mercado, o cheque especial também apresentou alta em fevereiro. A taxa média chegou a 144,4% ao ano, crescimento de 8,8 pontos percentuais na comparação com janeiro. Nesse ritmo, uma dívida de R$ 800 não quitada por um ano pode atingir R$ 1.955,20.
Crédito consignado se mantém como alternativa com menor custo
Entre as opções com taxas mais acessíveis, o crédito consignado continua sendo uma alternativa para os consumidores. Em fevereiro, a taxa média anual ficou em 25,1%, valor semelhante ao do mesmo período do ano passado (26,7%).
Essa modalidade, que prevê desconto direto na folha de pagamento, tem variações conforme o perfil do tomador. A menor taxa é aplicada a beneficiários do INSS (23,6% ao ano), seguida por servidores públicos (24,7%) e trabalhadores do setor privado (41%).