Apesar de voto pela absolvição, veículos de notícias de outros países indicam que a condenação do ex-presidente ainda é provável
O voto do ministro Luiz Fux, que se posicionou pela anulação e absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento por um suposto plano de golpe de Estado, repercutiu na imprensa internacional na quinta-feira, 11 de setembro. O caso, que também envolve outros sete réus, está sendo analisado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão de Fux divergiu dos votos de Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que já haviam se manifestado pela condenação. A mídia estrangeira, no entanto, destaca que as chances de Bolsonaro ser considerado culpado ainda são altas.
A rede de notícias Al Jazeera, por exemplo, noticiou que o STF “ainda parece propenso a condenar Bolsonaro”. A correspondente Lucia Newman, citada na reportagem, afirmou que, embora a declaração de Fux de que o tribunal não garantiu o devido processo legal a Bolsonaro possa ter sido bem recebida, “é improvável que a pequena vitória dure muito”, já que os dois ministros que ainda votarão foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O jornal espanhol El País ressaltou que o voto de Fux tem o potencial de influenciar o futuro político de Bolsonaro, pois “pode abrir caminho para que a defesa peça o arquivamento do caso no futuro”. O veículo também mencionou que a decisão do ministro, que alertou contra o “juiz inquisidor” e a necessidade de evidências irrefutáveis, trouxe alívio aos advogados de defesa. O artigo do El País destacou ainda que Fux “chamou a atenção para a celeridade do processo” e para a “falta de tempo para analisar o que ele chamou de ‘tsunami de provas'”.
O jornal argentino La Nación noticiou que “Um juiz do Supremo Tribunal Federal pede a anulação do processo sobre trama golpista contra Bolsonaro”. A reportagem detalhou que Fux solicitou a anulação do caso devido à “absoluta incompetência” da turma para julgá-lo. A publicação argentina também concluiu que “ainda assim parece bastante provável que o tribunal condene Bolsonaro por planejar um golpe para permanecer no poder após o término de seu mandato”.
Já a agência de notícias Reuters também enfatizou a probabilidade da condenação, apesar do voto divergente de Fux. A agência sugere que a divergência pode fortalecer o argumento da defesa de que o caso deveria ser decidido pelo plenário completo do STF, que conta com 11 ministros, incluindo dois nomeados por Bolsonaro. A reportagem da Reuters conclui que a divisão na corte aumenta a tensão em um caso que já polarizou o país.
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(Com BBC News)