Conflito continua enquanto o Hamas se dispõe a liberar reféns, e líderes globais pedem cessar-fogo imediato
Bombardeios seguem intensos na Cidade de Gaza
Israel prosseguiu neste sábado (4) com os ataques à Faixa de Gaza, mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitar a suspensão das operações militares. O pedido foi feito depois que o grupo palestino Hamas aceitou liberar todos os reféns e manifestou concordância com alguns pontos do plano de paz proposto pelo governo americano.
A Defesa Civil de Gaza relatou dezenas de ataques à Cidade de Gaza durante a noite, classificando o período como “muito violento”. As Forças Armadas de Israel confirmaram a continuidade da ofensiva e alertaram os moradores a não retornarem às áreas atingidas, consideradas “zonas de combate perigosas”.
Fontes médicas informaram que pelo menos nove pessoas morreram, incluindo três crianças, e diversas ficaram feridas nos bombardeios ocorridos durante a madrugada.
Hamas concorda com libertação de reféns e início de negociações
O Hamas anunciou que está disposto a liberar todos os reféns conforme o plano de Trump e solicitou o início imediato de negociações por meio de mediadores para definir os detalhes de um acordo de paz. O presidente americano comemorou a decisão em vídeo nas redes sociais, afirmando estar “perto de encerrar” o conflito em Gaza, e exigiu que Israel suspendesse os bombardeios para viabilizar a libertação dos sequestrados.
Reações internacionais pedem cessar-fogo
Diversos líderes mundiais reagiram positivamente à disposição do Hamas. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, destacou que o momento deve ser aproveitado e que a libertação dos reféns e um cessar-fogo imediato estão mais próximos do que nunca.
O presidente francês, Emmanuel Macron, reforçou que este é o momento para “progressos decisivos rumo à paz”. O chanceler alemão, Friedrich Merz, também defendeu o fim imediato das hostilidades, qualificando a ocasião como “a melhor chance para a paz”. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, considerou a posição do Hamas um “passo significativo” e pediu que todas as partes implementem o acordo sem demora.
O Egito, atuando como mediador entre Israel e o Hamas, saudou a aceitação de “princípios-chave do plano” pelo grupo palestino, destacando a expectativa de que todas as partes assumam responsabilidades para concretizar o acordo de Trump. A Jordânia elogiou a mediação do Catar e do Egito, bem como a atuação dos EUA, e pediu a suspensão imediata da ofensiva israelense.
Israel se prepara para a primeira fase do plano de paz
O governo israelense anunciou que se prepara para implementar “imediatamente” a primeira fase do plano de paz, levando em conta a disposição do Hamas. Entretanto, o comunicado não mencionou a solicitação de Trump para interromper os bombardeios.
Em nota, a assessoria de imprensa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou: “Continuaremos trabalhando em plena cooperação com o presidente e sua equipe para pôr fim à guerra, de acordo com os princípios de Israel, que se alinham com a visão de Trump”.
O plano de 20 pontos apresentado por Trump na Casa Branca prevê o fim imediato da guerra, a libertação dos reféns pelo Hamas e a formação de um governo de transição em Gaza, supervisionado pelo próprio presidente americano e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. O roteiro também inclui a desmilitarização do enclave e a possibilidade de negociação futura para um Estado palestino, proposta rejeitada por Netanyahu.
Pressão sobre Netanyahu aumenta
Famílias de reféns pedem a cessação dos bombardeios e o início de negociações rápidas. O principal grupo que representa os familiares enfatizou ser “essencial encerrar a guerra para evitar danos graves e irreversíveis aos reféns”.
Internamente, Netanyahu enfrenta tensão entre a pressão por fim do conflito — vinda de familiares de vítimas e parte da população — e demandas de integrantes linha-dura de sua coalizão de extrema direita, que defendem a continuidade da ofensiva.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023, após ataque do Hamas a Israel, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e resultou no sequestro de 251 pessoas. Israel estima que ainda 48 reféns estejam sob custódia do grupo, sendo 20 em condição de vida confirmada. Desde então, mais de 60 mil pessoas morreram em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, e a região enfrenta uma grave crise humanitária devido à destruição e às restrições à ajuda internacional.
( Com DW )
