Plano de Trump prevê cessar-fogo imediato, libertação de reféns e retirada gradual de tropas israelenses da Faixa de Gaza
Delegações chegam ao Cairo para novo ciclo de conversas
Negociadores de Israel e do grupo Hamas desembarcaram neste domingo (5) no Cairo para avançar em um acordo de cessar-fogo mediado por Egito e Estados Unidos. A proposta, articulada pelo presidente americano Donald Trump, busca encerrar a guerra na Faixa de Gaza e garantir a libertação dos reféns.
Segundo o gabinete do premiê Benjamin Netanyahu, a delegação israelense deixou Jerusalém ainda no domingo, com previsão de início das conversas na segunda-feira. “Esperamos trazer todos os reféns de volta nos próximos dias”, declarou Netanyahu em discurso televisionado.
EUA dizem que acordo está próximo de ser fechado
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que as tratativas estão em andamento e que “90% do acordo já foi concluído”. Ele acrescentou que a etapa atual envolve ajustes logísticos para viabilizar a primeira fase, que inclui a soltura imediata dos reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos.
Um representante do Hamas confirmou à agência AFP que o grupo busca um desfecho positivo nas negociações do Cairo e se disse pronto para iniciar a troca “imediatamente”, caso haja consenso.
Plano prevê cessar-fogo, retirada de tropas e desarmamento do Hamas
A proposta de Trump estabelece um cessar-fogo inicial, a libertação dos reféns em até 72 horas e a retirada progressiva das tropas israelenses de Gaza. Também prevê o desarmamento do Hamas e o exílio de seus combatentes. O presidente dos EUA advertiu que não aceitará “qualquer atraso” na implementação.
Trump revelou ainda que Israel aceitou criar uma “linha de retirada” entre 1,5 e 3,5 quilômetros dentro do território palestino. O cessar-fogo, segundo ele, entraria em vigor assim que o Hamas confirmasse adesão ao plano.
O Hamas, embora tenha dado sinal verde às negociações, não se manifestou sobre seu desarmamento. Netanyahu, por sua vez, disse que isso ocorrerá “ou pelo plano de Trump, ou militarmente por Israel”.
Bombardeios continuam em meio às tratativas
Apesar do apelo americano para suspensão imediata dos ataques, Israel manteve os bombardeios contra Gaza no sábado (4). A Defesa Civil, vinculada ao Hamas, relatou ao menos 57 mortes em um único dia. Em contrapartida, manifestações pela libertação dos reféns tomaram as ruas de Jerusalém e Tel Aviv, enquanto protestos pró-Palestina mobilizaram milhares de pessoas em capitais europeias.
Em Gaza, a população, que havia comemorado a resposta positiva do Hamas ao plano, voltou a expressar frustração. “Quem vai parar Israel agora? As negociações precisam avançar mais rápido para acabar com esse genocídio”, disse Mahmoud al-Ghazi, morador da Cidade de Gaza.
Autoridade de transição em Gaza e disputa pelo futuro político
O plano americano também prevê a criação de uma autoridade de transição composta por tecnocratas, sob supervisão internacional e com exclusão formal do Hamas da governança do território. Mesmo assim, o grupo afirmou que pretende participar das discussões sobre o futuro de Gaza.
Dois anos após o ataque de 7 de outubro
As tratativas ocorrem às vésperas do segundo aniversário do ataque lançado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis. Na ocasião, 251 pessoas foram sequestradas; 47 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais 25 já morreram, segundo o Exército israelense.
Em contrapartida, a ofensiva israelense deixou pelo menos 67.074 mortos na Faixa de Gaza, em sua maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, cujos números são reconhecidos pela ONU.
( Com RFI )