A inovação no setor industrial brasileiro registrou retração em 2023, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento mostra que fatores como instabilidade econômica, redução de investimentos e dificuldades na cadeia produtiva contribuíram para a desaceleração de iniciativas inovadoras no país.
O recuo ocorre após um período de avanço registrado nos anos anteriores, impulsionado pela necessidade de adaptação durante a pandemia de Covid-19 e pelo crescimento do uso de tecnologias digitais no setor produtivo. No entanto, em 2023, a desaceleração econômica, aliada a um cenário de juros elevados e menor disponibilidade de crédito, afetou diretamente a capacidade das empresas de investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Setores mais impactados
De acordo com o IBGE, a queda na inovação foi mais acentuada em segmentos que tradicionalmente demandam elevados investimentos tecnológicos, como o setor automotivo, a indústria química e o ramo de bens de capital (máquinas e equipamentos). A incerteza econômica e os altos custos de importação de insumos tecnológicos também dificultaram a modernização de processos produtivos em diversas áreas.
Por outro lado, alguns segmentos conseguiram manter ou até ampliar investimentos em inovação. Empresas ligadas à tecnologia da informação e comunicação (TIC), biotecnologia e energias renováveis seguiram investindo em novas soluções, impulsionadas por demanda crescente e incentivos específicos.
Fatores que contribuíram para a desaceleração
Entre os principais desafios apontados pelos especialistas para a queda da inovação na indústria estão:
- Custo do crédito: A elevação da taxa básica de juros encareceu financiamentos para P&D e compra de equipamentos modernos.
- Redução de incentivos: Programas de estímulo à inovação não acompanharam a necessidade do setor, limitando o acesso a subsídios e linhas de fomento.
- Problemas na cadeia produtiva: Dificuldades na importação de insumos tecnológicos e componentes eletrônicos comprometeram projetos de inovação.
- Falta de mão de obra qualificada: A escassez de profissionais especializados em áreas estratégicas dificultou a implementação de novas tecnologias.
Consequências e perspectivas
O recuo na inovação pode ter impactos de longo prazo, reduzindo a competitividade da indústria brasileira no cenário global. Sem investimentos contínuos, o setor corre o risco de perder espaço para mercados que apostam em tecnologias emergentes, como inteligência artificial, automação industrial e manufatura avançada.
Para especialistas, a retomada do crescimento da inovação dependerá de um ambiente macroeconômico mais estável e de políticas públicas voltadas à modernização do parque industrial. Medidas como a ampliação de linhas de crédito específicas para inovação, parcerias entre empresas e universidades e incentivos fiscais podem ser determinantes para reverter esse quadro nos próximos anos.
A expectativa é que, com a redução gradual da taxa de juros e a retomada de investimentos estratégicos, a indústria volte a acelerar seus processos de inovação, garantindo maior competitividade e eficiência produtiva.