Benefício na tarifa de energia ajuda a conter o avanço da inflação no início do ano
A inflação oficial de janeiro apresentou uma desaceleração significativa, registrando uma taxa de 0,16%. Esse é o menor índice para um mês de janeiro desde 1994, anterior ao início do Plano Real em julho daquele ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11), no Rio de Janeiro, foi influenciado pelo Bônus Itaipu, um desconto aplicado nas contas de luz de milhões de brasileiros no mês passado.
Em dezembro de 2024, o IPCA havia sido de 0,52%. A desaceleração, no entanto, não implica em redução dos preços, mas sim em um aumento menos acentuado em média.
Esse resultado de janeiro é o menor registrado desde agosto de 2024, quando houve uma deflação de 0,2%. Em janeiro de 2024, o IPCA foi de 0,42%, e agora caiu para 0,16%.
Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulou 4,56%, acima da meta do governo. Em dezembro, o acumulado era de 4,83%. A meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, resultando em um intervalo de 1,5% a 4,5%.
A partir deste ano, a meta de inflação passa a ser perseguida em relação aos 12 meses imediatamente anteriores e não apenas no resultado final de dezembro. A meta será considerada descumprida se ultrapassar o intervalo de tolerância por seis meses consecutivos.
Causas e efeitos
O principal fator que contribuiu para a desaceleração da inflação foi a queda no custo da energia elétrica residencial, que registrou uma redução de 14,21%. Esse recuo teve um impacto de 0,55 ponto percentual no resultado do mês, sendo a menor redução desde fevereiro de 2013, quando houve uma queda de 15,17%.
Essa significativa queda de janeiro foi causada pelo Bônus Itaipu, um desconto que beneficiou 78 milhões de consumidores nas contas de luz.
Com a energia elétrica mais barata, o grupo habitação apresentou uma queda de 3,08%, impactando o IPCA em 0,46 ponto percentual.
Transportes e alimentos
Contrariando a tendência de desaceleração, os preços dos alimentos e dos transportes pressionaram o índice para cima. Os transportes subiram 1,3%, impactando o IPCA em 0,27 ponto percentual. As passagens aéreas tiveram um aumento de 10,42%, e os ônibus urbanos de 3,84%. As tarifas de ônibus foram reajustadas em sete das 16 localidades pesquisadas pelo IBGE.
Os alimentos e bebidas registraram uma alta de 0,96%, a quinta consecutiva, contribuindo com 0,21 ponto percentual para o IPCA de janeiro. Os itens que mais pressionaram os preços foram o café moído (8,56%), o tomate (20,27%) e a cenoura (36,14%).
Difusão
Em janeiro, o índice de difusão ficou em 65%, indicando que 65% dos 377 produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços. Em dezembro de 2024, o índice era de 69%.
O IPCA mede o custo de vida para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos, com a coleta de preços sendo realizada em diversas regiões metropolitanas do país, além do Distrito Federal e outras localidades.
Embora o IPCA seja calculado desde 1980, o IBGE considera a série histórica atual a partir de 1994, devido às mudanças monetárias anteriores que dificultam comparações.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa, “Antes do Plano Real, havia outros planos econômicos e hiperinflação, então consideramos esse marco do Plano Real. Esse valor de janeiro é o menor da série histórica do índice”.