Após ficar viúva pouco tempo depois do casamento, uma mulher no sul da Índia adotou uma identidade masculina durante três décadas para conseguir sustentar a filha sozinha
Muthu Master, como passou a ser conhecida, enfrentou dificuldades para encontrar emprego e episódios de assédio sexual, o que a levou a tomar a decisão extrema de se disfarçar de homem.
“Meu marido morreu pouco depois do casamento. Um ano depois, tive uma menina. Percebi que precisava trabalhar para sobreviver. Meu vilarejo era muito atrasado, então fui trabalhar em uma cidade próxima”, relatou Muthu Master ao canal de TV indiano ANI.
Diante da necessidade de garantir o sustento da filha e da hostilidade enfrentada no mercado de trabalho por ser mulher, ela mudou completamente sua aparência. Cortou os cabelos curtos, adotou roupas masculinas e passou a utilizar um nome masculino. Durante todos esses anos, apenas alguns familiares sabiam de sua verdadeira identidade.
“Ninguém sabe que sou mulher. Pensam que sou homem. Faço todo o trabalho: preparo paratha [um tipo de pão indiano], faço chá e cozinho. Faço tudo o que os homens fazem”, afirmou.
O caso de Muthu Master chama atenção para a desigualdade de gênero e a vulnerabilidade de mulheres viúvas em regiões conservadoras da Índia. De acordo com dados da organização Human Rights Watch, mulheres indianas enfrentam obstáculos sistêmicos no acesso ao mercado de trabalho, especialmente em comunidades rurais.
Outros relatos semelhantes já foram registrados no país, como o caso de Sathyavathi, que também se passou por homem por anos para evitar discriminação e garantir segurança financeira à família.