Originária da Amazônia, a fruta conquistou consumidores dentro e fora do país e se tornou símbolo da cultura nacional
O guaraná, fruto nativo da região amazônica, ultrapassou fronteiras e consolidou-se como um dos sabores mais emblemáticos do Brasil. Com seu gosto marcante e propriedades energéticas, o ingrediente se tornou presença constante não apenas em bebidas, como refrigerantes e energéticos, mas também em produtos cosméticos e suplementos alimentares comercializados em diversos países.
A planta, cujo nome científico é Paullinia cupana, foi tradicionalmente utilizada por povos indígenas como fonte de energia e resistência física. Os guaranis — de onde vem o nome da fruta — acreditavam em seu poder medicinal, atribuindo a ela a capacidade de aliviar dores, melhorar o foco e fortalecer o corpo. Essa tradição atravessou os séculos e chegou à indústria moderna, que passou a explorar o fruto em larga escala.
De símbolo regional a ícone global
O refrigerante de guaraná surgiu no Brasil no início do século 20 e rapidamente se popularizou, tornando-se uma das bebidas mais consumidas no país. A fórmula, à base de extrato do fruto, conquistou os brasileiros e se firmou como concorrente das grandes marcas internacionais de refrigerante. Com o passar do tempo, o produto começou a ser exportado, levando o sabor tipicamente brasileiro a mercados na Europa, América do Norte e Ásia.
Hoje, o guaraná é um dos poucos sabores tropicais reconhecidos internacionalmente como “brasileiros”. Sua presença é especialmente forte em comunidades de brasileiros no exterior, mas o interesse de consumidores estrangeiros tem crescido, impulsionado tanto pelo gosto exótico quanto pelas promessas de energia natural.
“O guaraná é uma joia da biodiversidade brasileira. Quando exportamos esse produto, estamos também exportando cultura e história”, afirma o agrônomo Paulo Tavares, pesquisador do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Potencial energético e usos diversos
A fama energética do guaraná está relacionada à alta concentração de cafeína em suas sementes — superior à do próprio café. Estudos apontam que o consumo moderado do extrato pode melhorar o desempenho físico e mental, motivo pelo qual ele é frequentemente incluído em suplementos esportivos e cápsulas para foco e disposição.
Na indústria de cosméticos, o fruto também tem ganhado espaço, sobretudo em cremes e produtos voltados à estética corporal. Isso se deve à sua ação antioxidante, que ajuda na circulação sanguínea e na firmeza da pele.
Além do refrigerante e do pó energético, o guaraná é ingrediente de balas, chás, xaropes e até cervejas artesanais.
Produção e sustentabilidade
O principal polo de produção do guaraná no Brasil está na região de Maués, no estado do Amazonas. Conhecida como a “terra do guaraná”, a cidade reúne tradições ancestrais com sistemas produtivos modernos. Nos últimos anos, a produção tem enfrentado desafios relacionados às mudanças climáticas e à necessidade de práticas mais sustentáveis.
Organizações locais e agricultores familiares têm apostado em cultivos agroecológicos para preservar o solo e a biodiversidade da floresta, conciliando produção com preservação ambiental.
“O cultivo tradicional, aliado à sabedoria dos povos originários, é essencial para mantermos a qualidade do fruto e, ao mesmo tempo, proteger a floresta”, explica a engenheira agrônoma Júlia Mendes, especialista em sistemas agroflorestais.
Legado cultural e futuro promissor
Mais do que um produto agrícola, o guaraná carrega consigo um patrimônio cultural. Presente em festas populares, músicas, propagandas e no imaginário coletivo brasileiro, ele segue como símbolo de identidade nacional.
À medida que o mundo busca alternativas naturais e sustentáveis, o guaraná desponta como um ingrediente com potencial ainda maior. Seja pela sua história ancestral, pelo seu sabor único ou por suas propriedades estimulantes, o fruto segue encantando gerações e cruzando fronteiras.