Confirmação do primeiro caso em granja comercial no Brasil levanta dúvidas sobre segurança alimentar; especialistas esclarecem riscos à saúde humana
O Brasil confirmou, nesta sexta-feira (16), o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial. O episódio foi registrado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, maior estado produtor de aves do país e rota de migração de diversas espécies. A notícia mobilizou autoridades sanitárias e gerou dúvidas na população, especialmente sobre a segurança no consumo de carne de frango e ovos.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, não há risco de transmissão do vírus da gripe aviária pelo consumo de produtos avícolas devidamente preparados. A médica infectologista Renata Beranger reforça a orientação: “Pode continuar comendo frango e ovo se você tem as medidas de segurança adequadas”.
A especialista explica que, embora o vírus seja altamente transmissível entre aves, sua infecção em humanos é rara. “Por seres humanos, essa transmissão é muito rara. Temos 900 casos no mundo todo desde 2003, sem nenhuma infecção de humano para humano, todos pegaram de aves”, afirmou Beranger em vídeo publicado em seu canal no YouTube.
A cepa detectada na granja gaúcha é considerada uma das mais letais para aves, com potencial de rápida disseminação. A transmissão ocorre principalmente pelo contato com secreções ou fezes de animais infectados.
Após a confirmação do caso, medidas de contenção foram imediatamente adotadas. “Foi rapidamente diagnosticado e as medidas sanitárias foram tomadas rapidamente também. Quando acontece isso, a gente tem que notificar o caso… Neste momento, o impacto não é para a saúde humana, é para a economia do Brasil”, acrescentou a médica.
Beranger alerta que, embora não haja risco direto à população, o aumento de casos pode favorecer uma eventual mutação do vírus que permita a transmissão entre pessoas. “Mas neste momento isso não é uma preocupação”, destacou.
A orientação principal é voltada aos trabalhadores do setor avícola, que devem seguir protocolos rígidos de biossegurança. Para a população em geral, a recomendação é evitar o contato com aves doentes, mesmo aquelas encontradas em ambientes urbanos. “Se você observa algum tipo de ave caída no chão, chame as autoridades, não pega o passarinho porque esse caso também está acontecendo em aves livres”, finalizou.