Trump antecipa saída de cúpula no Canadá para acompanhar conflito; líderes cobram cessar-fogo em Gaza e retomada do diálogo com o Irã
Montreal (Canadá) – Em meio à escalada das tensões entre Israel e Irã, os líderes do G7 divulgaram nesta segunda-feira (16) uma declaração conjunta apelando por uma redução imediata das hostilidades no Oriente Médio. O documento reafirma o direito de Israel à autodefesa, enquanto pressiona por um cessar-fogo em Gaza e a retomada das negociações diplomáticas com Teerã.
Apelo por cessar-fogo e alerta nuclear
Reunidos no Canadá, os chefes de Estado das sete maiores economias industrializadas destacaram que “Israel tem o direito de se defender”, ao mesmo tempo em que enfatizaram a necessidade de impedir que o Irã adquira armamento nuclear. “Deixamos claro em todas as oportunidades que o Irã jamais poderá ter uma arma nuclear”, diz o texto oficial.
O G7 também manifestou preocupação com a disseminação do conflito para outras regiões e defendeu uma ampla desescalada das hostilidades. “Incentivamos a busca de soluções que levem a um cessar-fogo imediato em Gaza e a uma redução mais ampla das tensões no Oriente Médio”, conclui a declaração.
Saída antecipada de Trump para tratar da crise
Logo após a assinatura da declaração, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou a cúpula em um helicóptero, um dia antes do encerramento previsto. Segundo correspondentes internacionais presentes ao evento, o republicano antecipou seu retorno a Washington para dedicar atenção à crise entre Israel e Irã.
“Gostaria de permanecer até amanhã, mas todos entendem a gravidade da situação. Isso é grande”, afirmou Trump durante a tradicional foto oficial ao lado dos demais líderes do G7.
O presidente francês, Emmanuel Macron, comentou que Washington estaria aberto a um diálogo direto com Teerã. “Houve uma oferta para uma reunião e um intercâmbio”, disse o líder francês a jornalistas.
Bombardeios e tensão militar
Desde a última sexta-feira, Israel tem intensificado os ataques a alvos estratégicos no Irã, incluindo instalações nucleares e bases militares. A ofensiva israelense também resultou na morte de altos comandantes e cientistas nucleares iranianos. Como retaliação, Teerã lançou drones e mísseis contra território israelense.
Apesar de ter defendido a via diplomática nas últimas semanas, Trump demonstrou apoio público à ofensiva de Israel. O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, realizou ao menos cinco rodadas de conversas com autoridades iranianas recentemente, mas as negociações não avançaram.
Questionado sobre uma possível participação militar dos Estados Unidos na ofensiva israelense, Trump evitou confirmar envolvimento direto. A Casa Branca, por sua vez, afirmou que as forças americanas permaneciam em “posição defensiva” até o fim da segunda-feira.
Pressões diplomáticas e advertências a Teerã
Antes de partir do Canadá, Trump voltou a pressionar o Irã, afirmando que o país persa estaria cometendo um erro ao rejeitar um acordo negociado. “É doloroso para ambos os lados, mas o Irã não está vencendo essa guerra. Deveriam conversar, e fazer isso imediatamente, antes que seja tarde demais”, declarou durante reunião com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney.
Com a saída antecipada, Trump deixou de participar de reuniões programadas com os líderes da Ucrânia e do México, convidados especiais da cúpula. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, classificou a ausência do presidente americano como “compreensível”, diante do agravamento da situação no Oriente Médio.
Macron, por sua vez, reiterou que uma tentativa de mudança de regime no Irã representaria um “erro estratégico” e pediu o fim dos ataques contra civis, tanto iranianos quanto israelenses. O líder francês também exortou Teerã a retomar as negociações com Washington.
Desde que Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã em 2018, o país persa intensificou suas atividades de enriquecimento de urânio. No entanto, especialistas avaliam que os níveis atuais ainda não são suficientes para a produção de uma bomba atômica. Israel, por outro lado, é amplamente reconhecido como potência nuclear, embora nunca tenha confirmado oficialmente essa condição.
Tensões comerciais seguem em paralelo
Além da crise no Oriente Médio, a cúpula do G7 também foi marcada por divergências comerciais. O retorno de Trump ao cenário internacional trouxe novas incertezas. O republicano tem ameaçado impor tarifas generalizadas a aliados e adversários, com vigência prevista para 9 de julho.
Até o momento, o anfitrião Mark Carney conseguiu evitar uma demonstração explícita de desunião entre os líderes, mas as diferenças em relação ao comércio internacional continuam evidentes.
Apesar disso, Trump demonstrou otimismo quanto a um eventual entendimento com o Canadá e formalizou um acordo comercial com o Reino Unido, em parceria com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Além do México, outros países convidados e diretamente afetados pelas medidas tarifárias americanas foram Índia, África do Sul e Coreia do Sul.
