Reformas econômicas e variação cambial impactam turismo e consumo de brasileiros na Argentina
Nos últimos anos, muitos brasileiros aproveitaram a forte desvalorização do peso argentino para viajar ao país vizinho e desfrutar de um poder de compra consideravelmente maior. No entanto, esse cenário começa a mudar com o fortalecimento da moeda local e as recentes reformas econômicas promovidas pelo governo argentino.
A valorização do peso frente ao real, aliada a ajustes na política econômica do presidente Javier Milei, tem encarecido o custo de vida no país, afetando diretamente os turistas brasileiros. Até então, a conversão cambial favorável possibilitava que visitantes do Brasil tivessem acesso a refeições sofisticadas, hotéis de alto padrão e compras a preços bastante reduzidos em relação ao mercado brasileiro.
Impacto das novas políticas econômicas
A principal razão para essa mudança é o novo direcionamento econômico adotado pela Argentina. Desde que assumiu o governo, Milei implementou uma série de medidas de austeridade para conter a crise fiscal, incluindo a redução de subsídios e o ajuste das taxas de câmbio. Essas políticas resultaram em uma valorização do peso argentino em relação ao real, diminuindo a vantagem que os brasileiros tinham ao gastar no país.
Além disso, o controle da inflação e a eliminação de distorções cambiais vêm reduzindo a disparidade entre o mercado oficial e o paralelo, que anteriormente permitia que turistas obtivessem cotações mais vantajosas. O chamado “dólar blue”, que era amplamente utilizado por viajantes para trocar reais por pesos com maior retorno, perdeu parte de seu impacto, tornando os gastos na Argentina mais elevados para estrangeiros.
Turismo e consumo mais caros
O efeito dessas mudanças já começa a ser sentido nas cidades mais visitadas pelos brasileiros, como Buenos Aires, Mendoza e Bariloche. Restaurantes, hotéis e lojas que antes ofereciam preços extremamente acessíveis para turistas do Brasil agora estão ajustando seus valores à nova realidade econômica do país.
Relatos de viajantes indicam que a experiência de turismo na Argentina já não é tão barata quanto há alguns meses. Produtos importados e itens de luxo, que eram adquiridos a preços significativamente menores do que no Brasil, começam a se aproximar dos valores praticados no mercado brasileiro.
Apesar disso, a Argentina ainda continua sendo um destino atrativo para turistas brasileiros, especialmente quando comparada a outros países. A oferta cultural, gastronômica e paisagens naturais continuam a ser grandes atrativos, mas a era dos “dias de rico” pode estar chegando ao fim.
Expectativas para o futuro
Economistas apontam que o impacto das medidas econômicas de Milei ainda está em fase de consolidação e que o cenário pode continuar evoluindo nos próximos meses. Caso o peso siga se fortalecendo e a inflação seja controlada, o custo de vida na Argentina deve se estabilizar em um patamar mais alto, o que pode tornar o país menos vantajoso para turistas brasileiros.
Enquanto isso, viajantes que ainda planejam visitar a Argentina precisam se preparar para um novo cenário econômico e considerar que os custos podem ser superiores aos observados nos últimos anos. O turismo no país vizinho segue atraente, mas já não representa a mesma oportunidade de luxo acessível que muitos brasileiros experimentaram recentemente.