Por Wilton Emiliano Pinto *
Há dias em que a dor bate à porta…
Sem pedir licença.
E entra.
Às vezes, senta-se à nossa mesa como uma visita inesperada —
daquelas que a gente não sabe como mandar embora.
A primeira vontade?
Expulsá-la.
Fechar os olhos.
Apertar os ouvidos.
Fingir que ela não existe.
Mas…
E se, por um instante, a gente parasse pra escutá-la?
Só escutar…
A dor — por mais indesejada — carrega mensagens
que o silêncio do mundo não revela.
Ela não vem à toa.
Às vezes, vem como professora…
Exigente, sim.
Mas pronta pra nos ensinar o que mais ninguém conseguiria.
Nem toda pedra no caminho foi feita pra ser chutada.
Algumas precisam ser tocadas com respeito.
Pegas com a mão.
Com o coração.
Olhadas de perto.
⛰️ São elas que moldam quem somos.
Que afinam nossa paciência.
Que nos ensinam a olhar o outro com mais gentileza.
Porque, no fundo, é isso que a vida espera de nós:
menos julgamento, mais empatia.
Menos fuga, mais presença.
E o inimigo?
Talvez não precise ir embora.
Talvez sejamos nós que ainda precisamos crescer.
Crescer por dentro.
Alargar o peito.
Trocar a raiva por compaixão.
O outro, às vezes, é só o espelho daquilo que ainda dói dentro da gente.
E a vida, com paciência, repete a lição…
até que a gente aprenda.
As dificuldades…
Ah, elas também não são castigos.
Muitas são como pontes inacabadas.
Que exigem coragem pra atravessar,
mesmo sem ver o outro lado.
Cada uma traz um recado.
Uma chance.
️ O vento forte que balança a árvore…
É o mesmo que ensina suas raízes
a buscar mais fundo o sustento.
Mais firme o sentido.
E a árvore não desiste.
Ela resiste.
Mesmo torta,
mesmo ferida,
ela cresce.
E viver dentro da luta —
não precisa ser viver em sofrimento.
Pode ser viver em construção.
Viver em transformação.
Viver com olhos abertos.
Com o peito sensível, mas cheio de coragem.
✨ No fim, talvez o mais sábio
não seja pedir que a vida tire os fardos…
Mas que nos ajude a soltar o que pesa por dentro:
o rancor,
o medo,
o orgulho,
a pressa de ter razão,
a mania de controlar o que é imprevisto,
a negação da dor que insiste em mostrar onde precisamos mudar.
Foi assim que o Mestre orou por nós:
“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.”
Ele sabia que a dor viria,
que os desafios nos visitariam.
Mas também sabia que é vivendo no mundo,
e não fugindo dele,
que aprendemos o caminho da verdadeira libertação.
E então seguimos…
Com dignidade.
Com esperança.
Mesmo quando o chão parecer escorregadio.
Mesmo quando o céu pesar demais.
Mesmo que tudo dentro de nós grite por alívio imediato.
Porque às vezes, o que dói hoje…
É o que vai nos ensinar a leveza de amanhã.
Porque se a tempestade chega…
️
…é porque há sementes no solo precisando de água.
E há dentro da alma um jardim,
escondido, adormecido,
esperando apenas a chuva certa para florescer.
