Sessão foi marcada por trocas de acusações e pela cobrança de cessar-fogo após novos ataques a Kiev; França e ONU pedem trégua imediata
Os Estados Unidos intensificaram nesta terça-feira (29) os apelos para que Rússia e Ucrânia avancem rumo a um acordo de paz, durante uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A sessão foi marcada por disputas retóricas entre representantes dos dois países, que voltaram a se culpar pela continuidade da guerra.
O diplomata norte-americano John Kelley reforçou o pedido para que as partes aceitem a proposta apresentada por Washington e mencionou o envolvimento direto do presidente Donald Trump nas negociações.
“Se ambos os lados estiverem dispostos a pôr fim ao conflito, os Estados Unidos apoiarão integralmente um caminho para uma paz duradoura”, declarou Kelley.
Segundo ele, Trump apelou diretamente ao Kremlin para “encerrar imediatamente a guerra”, frustrado com a falta de avanços no processo diplomático antes da marca dos 100 dias de seu governo.
Ucrânia critica trégua russa e nega concessões sobre territórios
Em resposta, a vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, acusou Moscou de manter ataques intensos mesmo após o apelo por cessar-fogo. Ela afirmou que a Rússia lançou 8.500 bombas desde março, justamente quando os EUA propuseram uma trégua integral.
“Se a Rússia quer mesmo acabar com a guerra, por que não começamos um cessar-fogo hoje, sem esperar até 8 de maio?”, questionou Betsa, fazendo referência à trégua de três dias anunciada por Moscou para coincidir com o aniversário de 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial.
A diplomata ucraniana reafirmou que seu país busca a paz, mas “não a qualquer custo”. Segundo ela, Kiev não aceitará a anexação de territórios ocupados nem permitirá ingerência externa em sua política de alianças e defesa.
Moscou acusa Kiev de sabotar proposta
Do lado russo, o embaixador Vasily Nebenzya responsabilizou a Ucrânia por dificultar as negociações e rejeitar a proposta de uma moratória de 30 dias para os combates. Ele alegou que a convocação da reunião pelos países europeus refletia o temor de “ficarem à margem diante da nova postura da administração norte-americana”.
Nebenzya acrescentou que Moscou segue dialogando sobre os contornos de um plano de paz, embora sem detalhar as condições em negociação.
ONU denuncia agravamento da crise humanitária
A reunião foi convocada pela França e presidida pelo ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, que cobrou um cessar-fogo imediato. Barrot também condenou o ataque russo de 24 de abril a Kiev, considerado um dos mais letais desde o início do conflito, que deixou 13 mortos e cerca de 90 feridos.
A secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, destacou que não houve um único dia em 2025 sem vítimas civis. Nos três primeiros meses do ano, foram 2.641 mortos ou feridos, quase 900 a mais que no mesmo período de 2024.
