Pentágono afirma que deslocamento do grupo de ataque visa combater tráfico; movimento intensifica presença militar americana na região enquanto Caracas pede calma e nega vínculos com cartéis
O Pentágono anunciou, nesta sexta-feira (24), o envio do grupo de ataque liderado pelo porta-aviões USS Gerald R. Ford para a área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA (USSOUTHCOM), numa ação descrita como reforço da capacidade americana para detectar, monitorar e interromper atividades ilícitas na região. O destaque soma-se a uma série de ataques navais e a um aumento geral de forças norte-americanas no Caribe em meio às crescentes tensões com Caracas.Pentágono afirma que deslocamento do grupo de ataque visa combater tráfico; movimento intensifica presença militar americana na região enquanto Caracas pede calma e nega vínculos com cartéi
O que foi enviado
Segundo o Pentágono, o Gerald R. Ford partiu acompanhado por um grupo de guerra que inclui, entre outros meios, destróieres e aeronaves embarcadas — além de veículos de apoio e sensores navais. Autoridades americanas listaram as unidades do strike group e a capacidade embarcada, que reforçam o poder aéreo e de vigilância da formação.
Contexto operacional e rotas recentes
O porta-aviões, com capacidade para abrigar dezenas de aviões embarcados e aeronaves de apoio, vinha operando na Europa e foi monitorado desde trânsito pelo Estreito de Gibraltar no início do mês; observadores estimam que sua chegada ao Caribe poderá levar alguns dias, dependendo do ritmo de deslocamento. A movimentação ocorre após exercícios recentes do navio em águas europeias.
A justificativa oficial
Em nota citada por porta-voz do Pentágono, a entrada do grupo de ataque na área de responsabilidade do USSOUTHCOM “aumentará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e interromper atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território norte-americano e nossa segurança no Hemisfério Ocidental”, disse o porta-voz Sean Parnell. A administração americana afirma que a movimentação visa, principalmente, ações contra organizações criminosas transnacionais e rotas de narcotráfico.
Escalada e ataques anteriores
Analistas e agências de imprensa relatam que a atual operação sucede uma série de ataques navais e aéreos a embarcações suspeitas de tráfico na região — ataques que, segundo relatos do governo dos EUA, já atingiram dezenas de alvos em alto mar nas últimas semanas. Organizações de mídia internacional registraram pelo menos dez ações atribuídas a forças americanas contra embarcações suspeitas, com vítimas e críticas sobre a transparência e a legalidade dessas operações.
Repercussão política e reação venezuelana
Em Caracas, o governo de Nicolás Maduro negou querer um confronto e pediu que os EUA evitem uma escalada: “A Venezuela quer paz”, declarou o presidente em pronunciamento que incluiu apelo a Donald Trump para que não provoque uma “guerra louca”. Autoridades venezuelanas também afirmaram que agentes de inteligência estrangeira estariam no país — afirmação rejeitada por Washington. Enquanto isso, críticos internacionais e especialistas jurídicos questionam a base legal e o risco de ampliamento do conflito.
A retórica de Washington
A administração Trump vem justificando operações mais duras com a designação de cartéis sul-americanos como organizações terroristas e com a alegação de que a ação militar direta é necessária para conter o fluxo de drogas ao território americano. Em pronunciamentos recentes, o presidente e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, vincularam medidas de inteligência e operações militares à estratégia contra grupos que, segundo o governo, contribuem para a crise na região. Essas declarações têm gerado reação em fóruns legais e diplomáticos.
Pontos em aberto
Ficam por esclarecer detalhes operacionais — como a rota final e o tempo exato de chegada do Gerald R. Ford ao Caribe — e as regras de engajamento que nortearão as ações futuras. Especialistas também destacam a aparente contradição entre dados internacionais sobre a origem do fentanil (relatórios recentes apontam o México como principal fonte de fentanil que causa overdoses nos EUA) e a concentração de forças americanas na região do Caribe. Essas discrepâncias alimentam o debate sobre prioridades e legalidade das operações.
Conclusão
A transferência do maior e mais moderno porta-aviões americano para o Caribe representa um salto qualitativo da presença militar dos EUA na América Latina e eleva o risco de incidentes entre as forças americanas e atores ligados à Venezuela. O desenlace dependerá de decisões políticas de Washington e Caracas nas próximas semanas — e do escrutínio internacional sobre a legalidade e eficácia da campanha anunciada.



