Representantes dos Estados Unidos e da Rússia participam nesta segunda-feira (24) de uma rodada de negociações em Riade, na Arábia Saudita, com foco em uma possível trégua parcial na guerra da Ucrânia e na reativação do acordo sobre o Mar Negro, que viabiliza a exportação de grãos ucranianos.
Os encontros tiveram início no domingo (23) e, segundo fontes ligadas às delegações, foram considerados produtivos. A proposta em discussão prevê um cessar-fogo limitado, com ênfase na proteção de instalações energéticas ucranianas, frequentemente alvo de ataques russos.
A delegação ucraniana é liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov. Do lado russo, participam o senador Grigory Karasin e Sergei Beseda, conselheiro do diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB).
Em sua tradicional mensagem em vídeo, divulgada na noite de domingo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que sua equipe atua de forma construtiva com os representantes norte-americanos. No entanto, ele reforçou a necessidade de se manter pressão internacional sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“Independentemente do que discutirmos com os nossos parceiros, temos de pressionar o Presidente russo Vladimir Putin para que dê uma ordem concreta para parar os ataques: quem provocou esta guerra tem de acabar com ela”, declarou Zelensky.
Foco no Mar Negro e em linha de controle
Em entrevista concedida à emissora norte-americana CBS, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Mike Waltz, afirmou que “a Ucrânia está mais perto da paz do que alguma vez esteve”. De acordo com ele, os atuais diálogos concentram-se principalmente na possibilidade de um “cessar-fogo marítimo no Mar Negro” e em entendimentos sobre a “linha de controle” — região que, segundo Waltz, representa a verdadeira linha de frente do conflito.
As discussões envolvem ainda a definição de mecanismos de verificação, possíveis forças de manutenção da paz e congelamento das posições militares no terreno. Um acordo de paz mais amplo e definitivo também está sendo considerado.
Apesar das tratativas diplomáticas, os ataques russos continuam. No fim de semana, a capital ucraniana, Kiev, foi alvo de um intenso bombardeio com drones. Diante da escalada, Zelensky renovou o apelo por apoio militar do Ocidente.
“É absolutamente claro para todos que a Rússia é a única que está a prolongar esta guerra. A 11 de março foi proposto um cessar-fogo e estes ataques já teriam parado. Mas é a Rússia que está a perpetuar tudo isto”, declarou o líder ucraniano, classificando os ataques como “cínicos” e denunciando a destruição de vidas civis.
Exportações de grãos na pauta
Outro ponto central da agenda é a possível retomada do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro, mediado anteriormente com apoio da ONU e da Turquia. Firmado em 2022, no início do conflito, o pacto permitia à Ucrânia escoar cereais essenciais para a segurança alimentar global. O tratado, no entanto, foi suspenso em 2023 após a Rússia alegar descumprimento de suas exigências.
A comunidade internacional acompanha com atenção as negociações, consideradas fundamentais tanto para a estabilidade econômica da Ucrânia quanto para o combate à insegurança alimentar em países dependentes de grãos ucranianos.