Washington eleva valor para US$ 50 milhões e reforça narrativa de ameaça à segurança nacional
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (7) o aumento da recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. O valor passou de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões (equivalente a R$ 273,1 milhões), em mais um capítulo da ofensiva norte-americana contra o líder chavista, acusado de envolvimento com o narcotráfico internacional.
A decisão foi divulgada pela secretária de Justiça, Pam Bondi, por meio de um vídeo publicado na rede social X. Na gravação, Bondi reiterou as acusações contra Maduro, afirmando que o dirigente venezuelano utiliza redes criminosas transnacionais para promover o tráfico de drogas e fomentar a violência nos Estados Unidos.
Segundo a secretária, o presidente venezuelano estaria articulado com organizações como o cartel mexicano de Sinaloa e a facção Tren de Aragua, originária da Venezuela. A agência antidrogas americana (DEA) teria apreendido 30 toneladas de cocaína vinculadas a Maduro e seus aliados, além de mais de US$ 700 milhões (R$ 3,8 bilhões) em ativos, incluindo aeronaves, veículos e outros bens.
“Sob a liderança do presidente Trump, Maduro não escapará da Justiça e responderá por seus crimes atrozes”, declarou Bondi, ao justificar o aumento da recompensa.
Caracas reage e acusa os EUA de manipulação política
A resposta do governo venezuelano veio por meio do chanceler Yván Gil, que classificou a medida como uma tentativa de desviar a atenção dos problemas internos dos Estados Unidos. “Cortina de fumaça ridícula” e “operação grosseira de propaganda política” foram os termos usados por Gil, em mensagem publicada no Telegram.
A relação diplomática entre os dois países permanece rompida desde o primeiro mandato de Donald Trump (2017–2021). Em 2020, Washington formalizou acusações de narcoterrorismo contra Maduro e ofereceu inicialmente US$ 15 milhões por informações que levassem à sua captura. Na semana anterior ao novo anúncio, a DEA já havia elevado a recompensa para US$ 25 milhões.
Histórico de sanções e fracasso da estratégia de pressão
A hostilidade entre Trump e Maduro remonta a 2019, quando o então presidente dos EUA reconheceu Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. A estratégia incluiu sanções econômicas severas, como o embargo ao petróleo venezuelano, mas não obteve êxito em derrubar o regime chavista. Em 2023, a própria oposição venezuelana encerrou o governo simbólico de Guaidó.
Apesar da retórica agressiva, Washington manteve canais de negociação com Caracas em temas específicos. Em julho, o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou a libertação de dez cidadãos americanos detidos na Venezuela, em acordo intermediado com apoio de El Salvador. A negociação ocorreu mesmo após o governo dos EUA ter classificado a gangue Tren de Aragua como “organização terrorista global”.