A doença, frequentemente silenciosa e associada a sobrepeso, obesidade e diabetes, é reversível na maioria dos casos com mudanças decisivas no estilo de vida e acompanhamento médico.
A esteatose hepática não alcoólica – popularmente conhecida como gordura no fígado – é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas, ultrapassando 5% do peso total do órgão. Esta condição, muitas vezes assintomática por anos, está fortemente associada à síndrome metabólica, acometendo principalmente indivíduos com sobrepeso, obesidade, diabetes e níveis elevados de colesterol e triglicerídeos.
Se não for tratada, a esteatose pode evoluir para inflamação (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e, em casos mais graves, insuficiência hepática ou câncer. A boa notícia é que, quando detectada precocemente, a condição é reversível.
O emagrecimento do fígado começa pela perda de peso
O tratamento da gordura no fígado baseia-se em pilares essenciais que envolvem a mudança de hábitos, sendo a perda de peso o principal fator de sucesso:
1. Reeducação alimentar e controle metabólico
A dieta é a principal ferramenta para “emagrecer” o fígado. O foco é a redução da sobrecarga hepática causada pelo excesso de gorduras e açúcares.
- Priorizar Alimentos Naturais: Aumentar o consumo de frutas, vegetais, legumes, verduras e grãos integrais, que são ricos em fibras e antioxidantes.
- Limitar Carboidratos Refinados e Açúcares: Evitar pães brancos, massas refinadas, doces, refrigerantes e alimentos ultraprocessados. O consumo de frutose (presente em excesso em produtos industrializados) deve ser moderado.
- Optar por Gorduras Saudáveis: Incluir fontes de gorduras poli-insaturadas, como ômega-3 (presente em peixes como salmão e sardinha, linhaça, nozes e abacate), que ajudam a reduzir a inflamação hepática.
- Evitar o Álcool: É crucial interromper ou limitar drasticamente o consumo de bebidas alcoólicas, pois o álcool sobrecarrega e inflama o fígado, piorando o quadro.
2. Atividade física regular
O exercício é fundamental, pois ajuda a mobilizar a gordura visceral (aquela que se acumula ao redor dos órgãos) e melhora a sensibilidade à insulina.
- Combinar Tipos de Exercício: Tanto as atividades aeróbicas (caminhada, corrida, natação) quanto os exercícios de resistência (musculação, pilates) são importantes. O treino de força, em especial, melhora a resistência à insulina, um fator chave na doença.
- Meta da OMS: Recomenda-se buscar pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana.
3. Perda de peso gradual
Estudos mostram que uma perda de 5% a 10% do peso corporal já é suficiente para reduzir significativamente a gordura no fígado e melhorar a função hepática. A perda deve ser gradual para ser sustentável e evitar um estresse adicional ao fígado.
Abordagens complementares e acompanhamento
Em alguns casos, principalmente quando a doença já evoluiu para esteato-hepatite ou em pacientes com diabetes descontrolado, o médico (Hepatologista ou Gastroenterologista) pode indicar tratamentos adicionais:
- Controle de Doenças Associadas: Tratar o diabetes (com medicamentos como a metformina ou pioglitazona) e controlar os níveis de colesterol e triglicerídeos.
- Suplementação: Em casos específicos e sob orientação médica, suplementos como Vitamina E (por seu efeito antioxidante) e, em menor grau, ácidos graxos ômega-3 podem ser considerados.
É fundamental buscar o acompanhamento de um médico especialista e, se possível, de um nutricionista, para criar um plano de tratamento individualizado.



