Família processa hospital na Flórida após menino de dois anos receber dose letal de potássio por falha na prescrição
Um erro de pontuação em uma prescrição médica resultou na morte de De’Markus Page, uma criança de apenas dois anos, nos Estados Unidos. O caso, ocorrido em março de 2024, veio à tona após a família do menino entrar com uma ação judicial contra o hospital UF Health Shands, localizado na Flórida, no dia 6 de novembro. A tragédia expôs falhas graves no sistema de verificação hospitalar e reacendeu o debate sobre segurança na administração de medicamentos.
Diagnóstico comum, consequência fatal
De’Markus foi levado ao hospital pelos pais após apresentar sintomas como choro contínuo, diarreia e perda de apetite. Exames clínicos indicaram a presença de rinovírus e enterovírus — agentes virais frequentemente associados a infecções respiratórias e quadros gripais. Além disso, os testes laboratoriais revelaram níveis perigosamente baixos de potássio no organismo da criança.
Para corrigir o desequilíbrio eletrolítico, o médico responsável prescreveu uma dose de 1,5 mmol de potássio. No entanto, a ausência de uma vírgula na receita fez com que a equipe de enfermagem administrasse 15 mmol da substância — uma quantidade dez vezes superior à recomendada para o quadro clínico do paciente.
Alerta ignorado e falhas em cadeia
De acordo com os documentos apresentados à Justiça, o sistema da farmácia hospitalar chegou a emitir um alerta sobre a dosagem excessiva, mas o aviso não foi levado em consideração. A família Page alega que, além do erro inicial do médico, houve negligência por parte de outros profissionais envolvidos no atendimento, que não perceberam a falha nem tomaram providências para corrigi-la.
O processo detalha que a superdosagem de fosfato de potássio levou a um aumento abrupto e fatal nos níveis da substância no corpo do menino, culminando em uma parada cardíaca. A situação se agravou ainda mais quando, segundo os pais, a equipe médica não teria adotado os protocolos adequados de reanimação, deixando De’Markus sem respirar por cerca de 20 minutos.
Duas semanas por aparelhos e silêncio institucional
Após o episódio, a criança permaneceu internada em estado crítico, mantida por suporte de vida durante duas semanas. De’Markus faleceu ao ser desligado dos aparelhos.
“Tem sido extremamente difícil desde a morte do meu filho porque, até esse dia, ainda não sabia o que tinha acontecido. Nunca me disseram. Quando eu perguntava, era sempre vago, me diziam que não sabiam. Ainda tenho pesadelos com o que aconteceu”, relatou Dominique Page, mãe do menino, em entrevista à emissora local WCJB.
Hospital não comenta caso em andamento
Procurado pela imprensa, o UF Health Shands informou, por meio de nota, que não se pronunciará sobre o caso enquanto o processo estiver em curso.



