Inflação dos alimentos tem causas múltiplas, desde eventos climáticos até variações cambiais e aumento nos custos de produção
O preço dos alimentos no Brasil tem pesado cada vez mais no bolso dos consumidores. Nos supermercados, produtos básicos como arroz, feijão, carne, leite e frutas registraram aumentos significativos nos últimos meses. Mas por que a comida ficou mais cara?
A resposta passa por um conjunto de fatores econômicos, climáticos e estruturais. A seguir, explicamos os principais motivos para a alta dos alimentos:
1. Eventos climáticos extremos
O Brasil tem enfrentado eventos climáticos intensos, como estiagens prolongadas em algumas regiões e excesso de chuvas em outras. Esses fenômenos, agravados pelo El Niño, prejudicam lavouras, reduzem a oferta e pressionam os preços. É o caso, por exemplo, da produção de arroz no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do grão, afetado por inundações recentes.
2. Alta nos custos de produção
Os produtores rurais enfrentam aumento no preço de insumos essenciais, como fertilizantes, defensivos agrícolas, combustíveis e energia elétrica. Parte desses insumos é importada, o que torna o setor sensível à variação cambial. Com o dólar oscilando, os custos de produção sobem — e são repassados ao consumidor final.
3. Câmbio e exportações
Com o real desvalorizado em relação ao dólar, exportar alimentos se torna mais vantajoso para produtores, o que reduz a oferta interna. Produtos como carne bovina, soja e milho têm grande demanda no exterior, e parte da produção é direcionada para outros países, o que também encarece o preço no mercado nacional.
4. Aumento da demanda interna
Após o período mais severo da pandemia, a retomada do consumo também elevou a demanda por alimentos. Isso vale tanto para consumo doméstico quanto para o setor de bares e restaurantes, o que pressiona a cadeia de abastecimento e contribui para a alta dos preços.
5. Problemas na logística e armazenagem
A deficiência de infraestrutura logística em diversas regiões do país também impacta o preço final. Custos com transporte, armazenamento e perdas no trajeto entre o campo e os centros urbanos acabam embutidos no valor pago pelo consumidor.