Operação de busca do avião da Malaysia Airlines, sumido desde 2014 com 239 pessoas a bordo, poderá render US$ 70 milhões à companhia Ocean Infinity caso obtenha sucesso
As autoridades da Malásia informaram que a empresa que conseguir localizar os destroços do voo MH370, desaparecido misteriosamente em 2014 com 239 pessoas a bordo, receberá um pagamento de US$ 70 milhões (aproximadamente R$ 378 milhões).
A operação será conduzida pela Ocean Infinity, companhia norte-americana e britânica especializada em robótica submarina, que deve varrer uma área de 15 mil km² no Oceano Índico Meridional. O contrato segue o modelo “sem descoberta, sem taxa”, ou seja, o pagamento só será efetuado caso os destroços sejam efetivamente encontrados, informou o Ministério dos Transportes da Malásia.
Buscas retomadas e novamente suspensas
As buscas pelo MH370 foram retomadas em março deste ano, mais de dez anos após o desaparecimento do avião, mas precisaram ser interrompidas em poucas semanas. O ministro dos Transportes, Anthony Loke, declarou em abril que as atividades foram suspensas devido às más condições meteorológicas, com previsão de retomada no fim do ano.
“Estamos comprometidos em continuar a operação de busca e proporcionar um encerramento para as famílias dos passageiros do MH370”, afirmou Loke em comunicado divulgado em março.
O acordo atual foi firmado após novas análises apontarem indícios considerados “críveis” sobre a possível localização da aeronave. As negociações começaram em dezembro do ano passado e resultaram na autorização de uma nova operação com duração estimada de 18 meses.
O desaparecimento do voo
O voo MH370 partiu de Kuala Lumpur, capital da Malásia, com destino a Pequim, na China, nas primeiras horas de 8 de março de 2014. Menos de uma hora após a decolagem, a aeronave — um Boeing 777 — perdeu contato com o controle aéreo e desviou de sua rota planejada, segundo registros de radar.
As investigações indicam que o avião caiu no sul do Oceano Índico, embora as causas do acidente continuem desconhecidas.
Tentativas anteriores
Entre 2014 e 2017, uma operação multinacional envolvendo Malásia, Austrália e China vasculhou 120 mil km² do oceano, a um custo de US$ 150 milhões (cerca de R$ 850 milhões), mas não obteve resultados concretos.
A própria Ocean Infinity já havia participado de uma busca privada em 2018, que também terminou sem sucesso. Desde então, apenas fragmentos de destroços atribuídos ao MH370 foram encontrados em ilhas do Oceano Índico, conforme relatou a emissora Al Jazeera.
Na época, os governos dos três países haviam afirmado que as buscas só seriam retomadas diante de “evidências plausíveis” sobre o paradeiro do avião.
Um mistério que persiste
O desaparecimento do voo, que transportava 227 passageiros e 12 tripulantes de mais de uma dezena de nacionalidades, continua cercado de especulações. Das vítimas, 153 eram chinesas e 38 malaias.
Teorias variam entre falha deliberada do piloto e abate acidental por forças militares. Um relatório publicado em 2018 indicou que os controles do avião foram manipulados intencionalmente, mas não conseguiu identificar o motivo. “A resposta só será conclusiva se os destroços forem encontrados”, concluíram os investigadores.
Enquanto isso, familiares das vítimas seguem em busca de respostas. Em março, representantes de parentes chineses se reuniram com autoridades em Pequim para pedir a retomada das buscas e a abertura de uma investigação independente. Paralelamente, ações de indenização foram movidas contra a Malaysia Airlines, a fabricante Boeing, a Rolls-Royce (responsável pelos motores) e o grupo segurador Allianz, segundo a Al Jazeera.