Teste inaugural em Gavião Peixoto marca o início da campanha de voos da subsidiária da Embraer, que projeta entrada em operação do eVTOL em 2027
Primeiro teste em ambiente controlado
A Eve, subsidiária da Embraer, anunciou nesta sexta-feira (19) a realização do primeiro voo do protótipo em escala real de sua aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL), popularmente conhecida como “carro voador”. A operação ocorreu no centro de testes da fabricante em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, e inaugura oficialmente a fase de ensaios em voo do programa.
Segundo a empresa, estão previstos centenas de voos ao longo do próximo ano, etapa considerada decisiva para o processo de certificação do modelo. Nesse primeiro teste, foram validados aspectos centrais do projeto, como a arquitetura da aeronave, os sistemas de controle fly-by-wire e a integração do conjunto de propulsão elétrica.
Mobilidade aérea urbana no radar
A Eve integra um grupo de companhias que apostam no desenvolvimento de aeronaves elétricas voltadas ao transporte de passageiros em trajetos urbanos de curta distância. O segmento é tratado como estratégico para o crescimento de longo prazo da indústria aeronáutica brasileira, diante da busca global por soluções sustentáveis e eficientes de mobilidade.
Antes mesmo do início da produção, a empresa já contabiliza cerca de 3 mil encomendas potenciais para o eVTOL, indicador que reforça o interesse do mercado por esse novo tipo de transporte aéreo.
Cronograma e próximos passos
A expectativa da Eve é obter a certificação, iniciar as entregas e colocar a aeronave em operação comercial em 2027 — um ano depois do cronograma inicialmente divulgado. Ainda assim, o voo inaugural ocorreu dentro da janela prevista, que apontava para o fim de 2025 ou o início de 2026.
De acordo com o diretor de tecnologia da companhia, Luiz Valentini, o desempenho do protótipo correspondeu às simulações realizadas em solo. Ele afirmou que os dados coletados permitirão ampliar gradualmente o envelope de voo e avançar, de forma controlada, para a transição entre o voo vertical e o deslocamento sustentado pelas asas.
O CEO da Eve, Johann Bordais, destacou que as informações obtidas são essenciais para dar continuidade ao programa com segurança. A empresa informou ainda que produzirá seis protótipos em conformidade para compor a campanha completa de testes em voo.
Certificação e articulação regulatória
As próximas fases incluem a ampliação progressiva das capacidades da aeronave, a consolidação do voo de cruzeiro com asas fixas e a intensificação do trabalho conjunto com a Anac e outras autoridades internacionais, como a FAA, dos Estados Unidos, e a EASA.
No início deste ano, o presidente da Anac, Tiago Faierstein, avaliou que 2027 é um prazo factível para a certificação da aeronave, classificando o projeto como uma das prioridades do órgão regulador.
Estrutura financeira e investidores
A Eve abriu capital na Bolsa de Nova York em 2022 e, em 2024, captou novos recursos junto ao BNDES e à própria Embraer. O grupo de investidores inclui ainda empresas como a United Airlines, a BAE Systems, a Nidec, a Thales e a Acciona, reforçando o peso internacional do projeto.


