Deputado participa de encontros paralelos em Washington e relaciona perdão político à retomada das negociações comerciais com o governo Trump
Enquanto a oposição intensifica em Brasília as articulações em favor de uma anistia ampla, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) dedicou a semana a reuniões em Washington. O parlamentar manteve contato com empresários e integrantes do Departamento de Estado norte-americano, vinculando o avanço da pauta da anistia à possibilidade de retomar negociações sobre as tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.
Divergências sobre participação oficial
Na última quinta-feira (4), Eduardo esteve em um hotel da capital americana onde ocorreram as rodadas entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e representantes do setor empresarial dos Estados Unidos. A CNI, no entanto, afirmou que não o convidou nem contou com sua participação nas plenárias formais. O deputado rebateu e disse ter recebido o convite de empresários americanos para conversas paralelas.
Segundo relatos de dirigentes da CNI, apesar de avanços nas tratativas, integrantes do governo Trump indicaram que ainda há uma “barreira política” antes de qualquer recuo no tarifaço, frisando que o ex-presidente americano “não está satisfeito” com o cenário atual.
Anistia como condição política
Para Eduardo Bolsonaro, somente uma medida de anistia poderia abrir espaço para que o Brasil voltasse a negociar em melhores condições com Washington.
“O primeiro passo a ser dado nesse sentido é a votação de uma lei de anistia. Se nós votarmos a anistia, eu te asseguro, com tranquilidade, a gente vai sentar na mesa. A gente não, porque eu não estarei nessa mesa. Mas quem quer que venha aqui negociar estará sentado numa melhor posição junto ao pessoal do governo Trump”, declarou.
Pressão sobre o STF e uso da Lei Magnitsky
Nos Estados Unidos desde o fim de fevereiro, o parlamentar atua em articulações que incluem a defesa de sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele relata compartilhar reportagens da imprensa brasileira com parlamentares e assessores americanos, além de apresentar avaliações políticas em conjunto com o economista Paulo Figueiredo.
Entre os resultados da atuação, Eduardo destaca a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. A legislação, conhecida como “morte financeira”, prevê bloqueio de bens e restrições internacionais a autoridades acusadas de violações de direitos.
Encontros em Washington
Também na quinta-feira, Eduardo e Paulo Figueiredo reuniram-se com Darren Beattie, subsecretário de Estado para Diplomacia Pública e Assuntos Públicos, e com Ricardo Pita, assessor sênior para o Hemisfério Ocidental. Em publicações nas redes sociais, o deputado avaliou que as conversas representam “esperança de dias melhores aos brasileiros”.
Projeto em tramitação na Câmara
Na Câmara dos Deputados, tramita um projeto que prevê anistia para condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A oposição, entretanto, busca ampliar a medida para alcançar também o ex-presidente Jair Bolsonaro, garantindo-lhe perdão em eventuais condenações e a recuperação dos direitos políticos.
Além disso, os oposicionistas pleiteiam um perdão a investigados no inquérito das fake news, que data de 2019.
Com articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o projeto ganhou apoio das principais bancadas da Câmara, como Republicanos, PP e União Brasil. A oposição articula votar o texto após o julgamento de Bolsonaro.
O governo, que é contra a proposta, reconhece a possibilidade de o texto ser aprovado na Câmara, apesar de possíveis entraves no Senado.