A economia chinesa deve divulgar em breve os números do PIB de 2024, marcados por dificuldades significativas, como a crise imobiliária, o alto endividamento governamental e o desemprego crescente entre jovens.
Apesar das adversidades, Pequim estipulou uma meta de crescimento econômico de cerca de 5%. No final de 2024, o presidente Xi Jinping declarou que o país, a segunda maior economia global, estava no caminho para alcançar esse objetivo. “Sempre crescemos em meio às tempestades e nos fortalecemos nos momentos difíceis. Devemos manter a confiança”, afirmou.
O Banco Mundial estima que a economia chinesa possa atingir um crescimento de 4,9%, impulsionado por exportações em alta e políticas de crédito acessível. No entanto, desafios adicionais, como a ameaça de novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos chineses importados, avaliada em US$ 500 bilhões, podem dificultar o alcance das metas projetadas para 2025.
Além disso, a confiança de consumidores e empresários permanece em baixa, e o yuan segue desvalorizado devido aos cortes nas taxas de juros adotados por Pequim para estimular o crescimento.
Três Grandes Obstáculos para a China
- Exportações em Risco com Barreiras Comerciais
As exportações, um dos motores econômicos em 2024, estão sob ameaça de desaceleração. Enquanto o país busca consolidar sua posição em setores como veículos, robótica e tecnologia avançada, mercados importantes como EUA, Canadá e União Europeia têm imposto barreiras para proteger suas indústrias locais.
Embora especialistas sugiram que a China diversifique suas exportações para mercados emergentes, esses destinos possuem demanda limitada em comparação aos tradicionais mercados ocidentais. Isso pode prejudicar os negócios chineses e impactar os setores de energia e matéria-prima, fundamentais para a cadeia produtiva.
Xi Jinping planeja transformar a China em um centro de alta tecnologia até 2035, mas a sustentabilidade dessa estratégia é questionada, especialmente diante da pressão tributária crescente.
- Queda no Consumo Doméstico
Com a maior parte da riqueza familiar alocada no mercado imobiliário, a crise no setor afetou severamente o consumo das famílias. Em 2024, o mercado imobiliário, que antes representava quase um terço da economia, perdeu força, impactando desde construtoras até fabricantes de materiais.
Apesar das políticas governamentais para estabilizar o setor, o excesso de oferta continua pressionando os preços para baixo. O consumo familiar, que contribuiu com apenas 29% da atividade econômica no final de 2024, reflete os desafios.
Pequim tenta reverter esse cenário por meio de estímulos, como programas de troca de eletrodomésticos, mas especialistas destacam que a recuperação depende de aumentos salariais e maior geração de renda. “O setor privado precisa investir e inovar para fortalecer o consumo”, afirma Shuang Ding, economista do Standard Chartered.
- Redução do Investimento Estrangeiro
Embora a China tenha avançado em setores estratégicos, como energias renováveis e veículos elétricos, a instabilidade econômica e tensões geopolíticas têm inibido novos investimentos estrangeiros.
Empresas globais demonstram cautela, e Pequim enfrenta o desafio de atrair investidores diversificados. “As perspectivas de negócios no país são pouco animadoras”, avalia Stephanie Leung, da StashAway.
Crescimento Sustentado em Xeque
Especialistas alertam que a recuperação econômica chinesa dependerá de medidas ousadas para estabilizar o mercado imobiliário, criar empregos e mitigar tensões sociais. O China Dissent Monitor registrou mais de 900 protestos no país entre junho e setembro de 2024, impulsionados por insatisfações econômicas.
O Partido Comunista enfrenta a difícil tarefa de equilibrar a promessa de prosperidade com a contenção da dissidência, em um cenário de crescentes desafios internos e externos.
(Com BBC News Brasil)