Mais de nove horas de sono por noite está associado a problemas de saúde
Embora o discurso predominante nas redes sociais e em campanhas de saúde pública insista na importância de dormir mais, pesquisas recentes sugerem que o excesso de sono pode ser tão prejudicial quanto a privação. Dormir mais de nove horas por noite está associado a um aumento significativo no risco de morte, além de estar ligado a diversas condições clínicas.
Sono insuficiente afeta corpo e mente
A privação de sono é amplamente reconhecida como fator de risco para uma série de doenças. Dormir menos de sete horas por noite pode provocar, a curto prazo, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração e aumento do estresse. A longo prazo, os efeitos são ainda mais graves: doenças cardiovasculares, distúrbios metabólicos, transtornos mentais, alguns tipos de câncer e maior risco de mortalidade.
Durante o repouso, o organismo realiza funções essenciais, como recuperação muscular, consolidação da memória e regulação emocional. Por isso, a recomendação da Sleep Health Foundation — entidade australiana dedicada à pesquisa do sono — é que adultos durmam entre sete e nove horas por noite. Há exceções, como os chamados “dormidores curtos naturais”, que mantêm boa saúde com menos de sete horas.
Dormir em excesso também preocupa especialistas
Estudos recentes, que revisaram dados de 79 pesquisas longitudinais, revelam que indivíduos que dormem mais de nove horas por noite apresentam risco 34% maior de morte em comparação com aqueles que dormem entre sete e oito horas. A mesma tendência foi observada em uma análise de 2018, que apontou aumento de 14% na mortalidade entre os que ultrapassam esse limite.
Além disso, o sono excessivo tem sido associado a condições como depressão, dor crônica, ganho de peso e alterações metabólicas. No entanto, os pesquisadores alertam que esses dados indicam correlação — e não necessariamente causalidade.
Dormir demais pode ser sintoma, não causa
Especialistas destacam que o excesso de sono pode refletir a presença de doenças crônicas, uso de medicamentos ou tentativas de compensar noites mal dormidas. Fatores como sedentarismo, obesidade e tabagismo também costumam estar presentes em pessoas que dormem além do recomendado, o que pode distorcer os resultados das pesquisas.
Em outras palavras, dormir demais pode ser consequência de problemas de saúde subjacentes — e não a origem deles.