Presidente dos EUA questiona a destruição de florestas para a construção de uma rodovia de quatro faixas em Belém, no Pará, e Governador Helder Barbalho rebate ironizando: “Esperamos você com um tacacá.”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizou sua plataforma neste domingo (09/11) para criticar duramente a infraestrutura brasileira ligada à COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que tem início em Belém, no Pará, nesta segunda-feira (10/11). Trump acusou o Brasil de destruir florestas para viabilizar o acesso dos participantes ao evento.
Trump se referia à obra da Avenida Liberdade, uma nova rodovia de quatro faixas que atravessa dezenas de milhares de hectares de áreas ambientais. O projeto, proposto pelo Governo do Estado do Pará em 2012 e engavetado por preocupações ambientais, foi retomado em meio aos preparativos para a conferência climática.

Mapa mostra onde fica a Avenida da Liberdade, cortando pedaço da floresta
Foto: BBC News Brasil
“Eles destruíram a floresta tropical do Brasil para construir uma rodovia de quatro pistas para os ambientalistas viajarem. isso se tornou um grande escândalo”, escreveu o presidente americano em sua rede social, compartilhando um vídeo do canal americano Fox News que critica a iniciativa.
Contrapontos e posicionamento dos governos
O governo do Pará promove a rodovia como um projeto de mobilidade urbana “sustentável”, embora tenha sido alvo de críticas de moradores locais e ambientalistas devido ao seu impacto socioambiental.
A Secretaria Extraordinária para a COP30, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, esclareceu que a construção da Avenida Liberdade não é de responsabilidade do Governo Federal nem integra o rol das 33 obras de infraestrutura previstas especificamente para a realização do evento.
O governador do Pará, Helder Barbalho, rebateu as críticas de Trump no X (antigo Twitter), sugerindo que o presidente americano deveria focar em soluções climáticas: “em vez de falar de estradas, o presidente norte-americano deveria apontar caminhos contra as mudanças climáticas”. Barbalho destacou, ainda, os resultados brasileiros: “poderia celebrar a redução histórica no desmatamento da amazônia – com destaque para o estado do pará, que obteve o seu melhor resultado”.
O governador encerrou o comentário com um convite irônico: “ainda dá tempo de passar na cop30, presidente trump. esperamos você com um tacacá. é melhor agir do que postar.”
Ausência dos EUA e o ceticismo de Trump
Donald Trump, que não viajou para Belém, é a ausência de maior destaque na conferência. O governo americano confirmou que não enviará funcionários de alto escalão ao evento, alegando que o país “não colocará em risco a segurança econômica e nacional para perseguir metas climáticas vagas”.
O posicionamento de Trump em relação ao clima é notoriamente cético. Logo após sua posse, ele havia prometido retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris e mantém o discurso de que o tema é uma “farsa”. “essa ‘mudança climática’ é a maior farsa já perpetrada contra o mundo”, disse ele à Assembleia Geral da ONU em setembro deste ano. “se vocês não se livrarem dessa farsa verde, seu país vai fracassar.” Especialistas em relações internacionais preveem que a ausência de representantes de alto escalão dos EUA pode representar um obstáculo significativo para as negociações climáticas globais.
(Fonte: BBC News Brasil)



