Nomeação de Jorge Messias ao Supremo movimenta bastidores e abre caminho para novas lideranças na Advocacia-Geral da União
A corrida pelo Supremo e pela AGU
A decisão de Luís Roberto Barroso de se afastar do Supremo Tribunal Federal (STF) desencadeou duas disputas paralelas: uma pela vaga na Corte e outra pelo comando da Advocacia-Geral da União (AGU).
Embora ainda existam concorrentes na disputa, aliados próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratam como praticamente certa a indicação de Jorge Messias, atual chefe da AGU, para o Supremo. A perspectiva de sua nomeação impulsionou imediatamente a corrida pelo posto que Messias deve deixar.
Mulheres ganham protagonismo na AGU
Entre os nomes mais cotados para assumir a AGU estão Anelize Almeida, atual chefe da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, e Adriana Venturini, que dirige a Procuradoria-Geral Federal. Ambas reúnem perfil técnico, experiência em gestão e longa trajetória na carreira jurídica.
Assessores presidenciais destacam que a escolha de uma mulher para a AGU seria estratégica para equilibrar a predominância masculina no Supremo, onde já se aproximam de três indicações do atual mandato. Historicamente, Lula tem adotado critério semelhante em outros tribunais: a indicação de mulheres para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) visa compensar a nomeação de homens para cargos superiores.
A AGU como trampolim para o STF
O cargo de chefe da AGU já serviu como caminho para o Supremo para três ministros atuais — Gilmar Mendes, Dias Toffoli e André Mendonça. Com a eventual ida de Messias, esse número pode chegar a quatro. A perspectiva futura é que, em caso de reeleição, o presidente tenha três novas vagas a preencher no STF, em função das aposentadorias de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
Especialistas apontam que, caso uma mulher assuma a AGU, haverá oportunidade de estreitar vínculos com o presidente e abrir caminho para a Corte. A gestão de Messias, aliás, já tem promovido maior participação feminina em postos de comando dentro da instituição.
Trajetórias e destaque técnico
Adriana Venturini ganhou notoriedade por atuar em casos de grande relevância, como a chamada “revisão da vida toda”, decisão que gerou significativa economia aos cofres públicos. No ano passado, foi indicada à Corte Permanente de Arbitragem (CPA), responsável por resolver conflitos entre Estados.
Anelize Almeida também se destacou com a atuação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) em processos que resultaram em ganhos financeiros para a União, incluindo decisões sobre deduções de gastos com educação no Imposto de Renda e a inclusão do PIS e da Cofins na base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB).
Concorrentes e cenário decisório
Apesar do foco em possíveis candidatas mulheres, a escolha final ainda não foi definida. Entre os nomes masculinos em disputa estão Flavio Roman, atual vice da AGU, e Vinícius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), ambos com experiência e reconhecimento na gestão pública.
A decisão de Lula sobre o futuro da AGU será observada com atenção, não apenas pela relevância do cargo, mas também pelo impacto nas indicações futuras ao STF, consolidando estratégias políticas e jurídicas do governo.