Jornal britânico avalia que disputas familiares, prisão de Jair Bolsonaro e fracasso de articulações internacionais enfraqueceram o grupo e abriram espaço para novas lideranças rumo a 2026
Crise interna e desgaste político
Reportagem publicada nesta segunda-feira (1º) pelo jornal britânico Financial Times aponta que a direita brasileira atravessa um momento de rearranjo, provocado pelo esvaziamento político do bolsonarismo. Segundo a análise, o grupo perdeu força após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e em razão de conflitos públicos envolvendo filhos, aliados e a ex-primeira-dama.
O veículo descreve Bolsonaro como um líder de perfil incendiário que buscou se espelhar no então aliado Donald Trump e tentou consolidar uma dinastia política no país. Com o ex-presidente detido sob acusação de conspiração golpista e os filhos fragilizados politicamente, o movimento teria entrado em um ciclo de declínio.
Estratégia internacional fracassada
A reportagem destaca que a tentativa da família de buscar apoio político nos Estados Unidos teve efeito contrário ao esperado. O jornal afirma que a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro em Washington, inclusive defendendo tarifas contra o Brasil, gerou forte reação negativa no setor empresarial e ampliou críticas dentro do próprio país.
Apesar de reconhecer que o bolsonarismo construiu parte de sua força a partir da leitura do humor popular, o Financial Times sustenta que o recurso a Trump, visto como última cartada para reverter a prisão do ex-presidente, acabou agravando o isolamento político da família.
Tarcísio surge como alternativa
Nesse cenário, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aparece como uma das principais opções da direita para a disputa presidencial de 2026. De acordo com o jornal, contudo, ele só aceitaria entrar na corrida com o aval explícito de Bolsonaro e desde que o ex-presidente desistisse de lançar um dos filhos à Presidência.
Analistas ouvidos pelo periódico avaliam que, aos 70 anos e enfrentando problemas de saúde, Bolsonaro pode passar o restante da vida na prisão. Uma mobilização por indulto não teria prosperado, e a saída mais pragmática para o campo conservador seria apoiar um novo nome fora do núcleo familiar.
Desafio eleitoral contra Lula
Mesmo que consiga herdar o apoio do eleitorado bolsonarista mais fiel — estimado pelo jornal em cerca de 20% dos votantes —, o governador paulista enfrentaria um cenário difícil. O adversário direto seria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, descrito como um político experiente, com intenção declarada de buscar um quarto mandato.
O Financial Times observa que o desempenho recente da economia brasileira, com crescimento do emprego e da renda, fortalece o atual governo. A baixa dependência do mercado norte-americano também teria reduzido os impactos negativos das tarifas impostas durante a gestão Trump.
Segurança pública como trunfo da oposição
Segundo o jornal, a principal aposta da direita para equilibrar o jogo eleitoral em 2026 seria a ênfase em temas como criminalidade e segurança pública, áreas frequentemente apontadas como vulneráveis do governo Lula. A expectativa é que esses assuntos ganhem centralidade no debate e reconfigurem o cenário político nos próximos anos.



