Protesto internacional pressiona por cessar-fogo em Gaza e reconhecimento do Estado palestino
Abandono do plenário como ato político
Antes mesmo de Benjamin Netanyahu iniciar seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (26), representantes de dezenas de países — entre eles o Brasil — deixaram o plenário em protesto. A saída coordenada marcou mais um gesto público de pressão internacional pelo fim da guerra em Gaza e pelo reconhecimento do Estado palestino.
O governo israelense já esperava o ato, que foi classificado pelo embaixador do país na ONU, Danny Danon, como uma “encenação”. Enquanto isso, do lado de fora do prédio, milhares de manifestantes tomavam a Times Square com faixas exigindo: “Fim da ajuda dos EUA a Israel”, “Prendam Netanyahu” e “Parem de matar Gaza de fome agora”.
Pressão crescente por um cessar-fogo
Com o conflito em Gaza se arrastando por quase dois anos, cresce a cobrança por um acordo que encerre os ataques. Nos dias que antecederam a Assembleia Geral, países como Austrália, Canadá, França, Reino Unido e Portugal anunciaram o reconhecimento oficial do Estado palestino. Desde terça-feira, grande parte dos discursos no plenário das Nações Unidas incluiu menções críticas à ofensiva israelense.
Discurso em meio a vaias e cadeiras vazias
Netanyahu entrou no auditório sob vaias. A maior parte das delegações deixou o local antes de sua fala, embora tenham permanecido representantes de aliados estratégicos, como os Estados Unidos, além de comitivas da França, Itália, Reino Unido, Noruega e União Europeia. Apesar das cadeiras vazias, a galeria destinada a convidados estava lotada, em um cenário semelhante ao do ano passado, quando Israel mobilizou apoiadores para a sessão.
Em seu discurso, que ultrapassou 40 minutos, Netanyahu afirmou que Israel precisa “terminar o serviço” iniciado em Gaza contra o Hamas.
“Os últimos remanescentes do Hamas estão entrincheirados na Cidade de Gaza. Eles prometem repetir as atrocidades de 7 de outubro. É por isso que Israel precisa concluir essa missão o mais rápido possível”, declarou.
O premiê também se dirigiu diretamente às famílias de reféns israelenses, citando nomes e prometendo que o governo não descansará até trazê-los de volta.
Reação palestina e manifestações em Nova York
Na véspera, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), denunciou em videoconferência o que chamou de “genocídio monitorado e documentado” cometido por Israel em Gaza. A conta oficial do Estado da Palestina nas redes sociais publicou a foto do auditório vazio durante a fala de Netanyahu como prova simbólica do isolamento político do premiê.
Enquanto Netanyahu discursava, mais de 2 mil pessoas se concentraram em frente à sede da ONU, em Nova York. Jovens ativistas carregavam bandeiras palestinas e cartazes contra a ajuda militar dos Estados Unidos a Israel. A multidão aplaudiu quando foi anunciado que diversas delegações haviam deixado a sessão.
David Robinson, de 64 anos, disse que o apoio de Washington a Israel “ignora a humanidade dos palestinos”. Segundo ele, “isso parte o coração”.
Protestos em série contra Netanyahu
Além das manifestações na Times Square, a chegada do premiê a Nova York foi marcada por protestos desde quinta-feira (25). Naquela noite, 14 pessoas foram presas em frente a um hotel no Upper East Side durante um ato chamado “Proibido Dormir para Netanyahu”. Elas foram liberadas após receber intimações por barulho excessivo.
Atos contra o governo israelense e em defesa dos palestinos têm se intensificado nos Estados Unidos, especialmente em campi universitários e grandes cidades, desde o início do cerco a Gaza.