Ave noturna é reverenciada por sua inteligência, mas também carrega significados ambíguos entre proteção e morte
Um símbolo milenar de sabedoria e visão além da escuridão
A coruja, uma das aves de rapina mais emblemáticas do reino animal, transcende sua função ecológica para ocupar um lugar de destaque na simbologia de diversas culturas. Associada à sabedoria desde a Antiguidade, sua imagem está profundamente ligada à mitologia grega, onde Atena — deusa da sabedoria e da estratégia — era frequentemente retratada ao lado de uma coruja, símbolo de discernimento e conhecimento.
Essa conexão não é apenas mitológica: a anatomia da coruja reforça sua reputação. Com olhos grandes e adaptados à baixa luminosidade, ela é capaz de enxergar com precisão na escuridão, tornando-se uma caçadora eficiente durante a noite. Essa habilidade de “ver o que os outros não veem” ou de “lançar luz sobre a escuridão” consolidou seu papel como emblema da inteligência e da intuição.
Entre o mistério e o presságio: o lado sombrio da coruja
Apesar de sua associação com o saber, a coruja também carrega significados mais sombrios. Em tradições ocidentais e no imaginário popular — especialmente em narrativas de terror e superstições — sua presença é frequentemente interpretada como mau presságio. Silenciosa e noturna, ela é vista como mensageira da morte ou de eventos trágicos, evocando mistério e inquietação.
Essa dualidade simbólica revela o paradoxo que envolve a ave: enquanto em algumas culturas ela representa o fim, em outras é vista como guardiã. Em tradições asiáticas e entre povos indígenas das Américas, a coruja é reverenciada como protetora espiritual, capaz de afastar energias negativas e vigiar os lares contra infortúnios.
Guardiã da noite e aliada da natureza
Além de seu peso simbólico, a coruja desempenha um papel essencial no equilíbrio ecológico. Como predadora natural de roedores e pequenos animais, ela contribui significativamente para o controle de pragas, protegendo plantações e estoques alimentares. Sua presença é, portanto, não apenas mística, mas também funcional, reforçando sua importância para o meio ambiente.
A figura da coruja permanece envolta em mistério, oscilando entre o sagrado e o temido. Seja como símbolo de sabedoria ou como sentinela da noite, ela continua a fascinar e inspirar gerações, mantendo viva sua aura ancestral.


