Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) é identificada como principal responsável pelo passivo acumulado, apresentando desafios significativos à nova gestão.
Em reunião realizada na terça-feira (7/1), a Comissão de Transição da Prefeitura de Goiânia apresentou o relatório final com os principais dados levantados junto à gestão anterior, comandada pelo ex-prefeito Rogério Cruz. O documento aponta um déficit total de R$ 3,4 bilhões, sendo R$ 334,5 milhões atribuídos ao último governo. Distribuído em 91 páginas, o material detalha a situação dos órgãos e entidades municipais.
O coordenador da comissão, Paulo Ortegal, esclareceu que as assinaturas para validação do documento já estão sendo coletadas e destacou que o relatório será encaminhado ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) entre março e abril. “Esse documento acompanha as contas de governo no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), já no final de março, início de abril”, explicou. “Tudo transcorreu dentro da normalidade. Não tivemos maiores problemas. As informações que pedimos à administração anterior foram fornecidas parcialmente, mas o suficiente para elaborarmos esse relatório conclusivo”, afirmou.
Dívidas da Comurg e impacto nas contas públicas
O relatório também traz a inclusão das dívidas da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que somam R$ 2,35 bilhões. Ortegal afirmou que a medida foi baseada em decisão judicial transitada em julgado que reconhece a Comurg como uma estatal dependente da Prefeitura. “Isso foi pacificado, uma vez que já temos uma decisão transitada em julgado, pelo TCM, de que a Comurg é de responsabilidade da Prefeitura. Há um acórdão do TCM que reconhece a Comurg como uma estatal dependente”, explicou.
O ex-secretário de Governo, Jovair Arantes, representante da gestão anterior, destacou a gravidade da situação financeira da Comurg, classificando-a como “um paciente terminal”. Segundo ele, sem intervenções estruturais, o cenário tende a se agravar. “Fui presidente da Comurg em 1992, e já havia uma dívida grande naquela época, que vem se avolumando. É um paciente terminal, está na UTI há muito tempo e, sem uma intervenção radical, a situação só vai piorar”, afirmou, ao destacar a urgência de medidas saneadoras.
Participação e perspectivas
A vice-prefeita, Coronel Cláudia Lira, agradeceu o empenho das equipes envolvidas. “Nós vamos precisar muito do apoio de vocês para realmente dar sequência e cuidar de Goiânia como ela merece. Agradeço a todo esse esforço coletivo, entendendo que não se faz nada de forma isolada”,afirmou.
Análise técnica e valores identificados
O controlador-geral do município, Juliano Gomes Bezerra, destacou que os valores apresentados no relatório ainda podem variar. “Parte das informações contábeis não pôde ser totalmente consolidada no prazo disponível. Alguns números podem ser ajustados após auditorias mais detalhadas, especialmente na Comurg”, pontuou.
Entre os débitos não registrados oficialmente, destaca-se a dívida de R$ 236,11 milhões das maternidades Dona Iris e Nascer Cidadão. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) acumula R$ 609 milhões, seguida pelo Tesouro Municipal (R$ 300 milhões), Imas (R$ 226 milhões), Educação (R$ 60 milhões), Infraestrutura (R$ 43 milhões) e Administração (R$ 30 milhões).
Juliano reforçou que o trabalho da Comissão priorizou a transparência e a acessibilidade das informações. “Atendemos à solicitação da gestão anterior para antecipação do relatório, e a certidão do balanço de 2024 já está disponível para consulta”, concluiu.
Da Redação/Click News