EUA sob pressão: China e Canadá impõem novas tarifas sobre bens americanos
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ampliar tarifas sobre importações gerou reações imediatas de China, Canadá e México, aprofundando a disputa comercial iniciada em fevereiro. Enquanto Pequim e Ottawa já anunciaram novas tarifas sobre produtos americanos, o governo mexicano promete divulgar suas contramedidas no próximo domingo (9).
A resposta mais agressiva veio da China, que impôs taxas adicionais a produtos agrícolas e alimentos provenientes dos EUA, incluindo milho, trigo, soja, algodão e carne bovina. O Ministério das Finanças chinês justificou a medida como uma reação direta à decisão de Washington de dobrar para 20% as tarifas sobre bens chineses. O governo americano alega que Pequim não tem feito o suficiente para conter a venda de insumos utilizados na produção de fentanil, droga altamente consumida nos Estados Unidos.
As novas tarifas chinesas, que entram em vigor no próximo dia 10, incluem um acréscimo de 15% sobre carne de frango, trigo, milho e algodão, além de 10% sobre produtos como soja, carne suína e bovina, frutos do mar, laticínios e vegetais. Pequim também anunciou restrições a empresas americanas em exportações e investimentos.
Canadá responde com tarifas sobre produtos americanos
O Canadá seguiu a mesma linha e confirmou a imposição de tarifas sobre mercadorias dos Estados Unidos a partir desta terça-feira (4). O primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou que a medida é uma resposta direta aos impostos determinados por Trump.
“As tarifas dos Estados Unidos são injustificáveis. Se forem mantidas, o Canadá responderá com taxas de 25% sobre US$ 107,59 bilhões em produtos americanos”, declarou Trudeau.
A tarifa sobre US$ 20,82 bilhões em produtos já entrou em vigor, enquanto as taxas sobre os demais US$ 86,77 bilhões serão aplicadas dentro de três semanas, caso Washington não reveja sua decisão. Segundo o governo canadense, os produtos afetados incluem carne, laticínios, vegetais, eletrodomésticos, móveis e até aeronaves.
Apesar das sanções, o Canadá manteve inalterada a tarifa sobre petróleo e derivados, que continua em 10%, já que o país é o maior fornecedor de petróleo bruto para os Estados Unidos, representando 60% das importações americanas do produto.
O ministro canadense de Energia e Recursos Naturais, Jonathan Wilkinson, afirmou que as novas tarifas terão impacto direto sobre os consumidores americanos. “Os preços da gasolina e da eletricidade nos Estados Unidos subirão como resultado dessas medidas. Isso afetará o custo de vida, desde o aquecimento das casas até a compra de automóveis”, disse Wilkinson em entrevista à CNBC.
México prepara resposta e governo de Trump endurece discurso
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também condenou as tarifas impostas por Washington e anunciou que seu governo prepara medidas “tarifárias e não tarifárias” para responder à taxação de 25% sobre produtos mexicanos. A lista de mercadorias afetadas será divulgada no domingo (9) em um evento público na Cidade do México.
Sheinbaum enfatizou que o México é um país soberano, mas destacou que não busca um confronto comercial com os Estados Unidos. “Não há razão ou justificativa para essas tarifas. Vamos responder de maneira firme, mas sem prejudicar o diálogo entre nossos países”, afirmou.
Enquanto as represálias se acumulam, Trump endureceu o tom e indicou que as tarifas poderiam ser retiradas caso as empresas afetadas transfiram suas fábricas para o território americano. “Se quiserem evitar tarifas, devem trazer suas indústrias para os Estados Unidos”, disse o presidente em coletiva de imprensa.
Escalada comercial: o cronograma das tarifas de Trump
A guerra comercial vem se intensificando desde fevereiro, com novas tarifas sendo implementadas de forma escalonada:
Já em vigor:
- 4 de fevereiro: Tarifa de 10% sobre todas as importações da China.
- 4 de março: Tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses.
- 4 de março: Tarifa de 25% sobre importações mexicanas.
- 4 de março: Tarifa de 25% sobre a maioria das importações canadenses, com redução para 10% em energia e combustíveis.
Previstas para os próximos meses:
- 12 de março: Tarifa de 25% sobre importação de aço e alumínio.
- 2 de abril: Taxação ainda não especificada sobre produtos agrícolas.
- 2 de abril: Novas tarifas sobre veículos estrangeiros.
- Data indefinida: Possíveis tarifas sobre importação de cobre e madeira.
Com a retaliação de parceiros comerciais estratégicos, a escalada tarifária pode ter impactos significativos para a economia global. O aprofundamento da disputa comercial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros segue sendo acompanhado de perto por mercados e investidores internacionais.
