O apresentador Edu Guedes foi submetido a uma cirurgia no último sábado (5), no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para tratar um tipo de câncer frequentemente descoberto em estágios avançados.
O câncer de pâncreas, diagnosticado no apresentador Edu Guedes, de 51 anos, é classificado como um tipo agressivo da doença, cuja dificuldade de diagnóstico inicial se deve à ausência de sintomas nos estágios precoces.
O pâncreas é um órgão crucial, atuando tanto no sistema digestivo, ao produzir enzimas para a digestão, quanto no sistema endócrino, liberando hormônios que regulam o metabolismo corporal.
O tipo mais comum e sua agressividade
A maioria dos casos de câncer de pâncreas, cerca de 90%, são do tipo mais agressivo, o adenocarcinoma. Os 10% restantes correspondem ao neuroendócrino, que é curável e oferece longa sobrevida aos pacientes.
De acordo com o médico oncologista Thiago Jorge, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ainda não há uma explicação definitiva para a agressividade do adenocarcinoma. “Há um viés de localização. Acabamos descobrindo esse tumor, na grande maioria das vezes, quando ele já está avançado, muitas vezes em metástase. Mesmo quando não metastático, o paciente, quando operado, tem de 15% a 20% de chance de recuperação. É um tumor bastante agressivo mesmo quando é inicial.”
Sinais de alerta e fatores de risco
Os sinais da doença geralmente aparecem apenas em estágios mais avançados, junto com os sintomas. “O pior de todos é o emagrecimento, sinal de que o tumor está avançado”, explica o especialista. Outros sintomas incluem icterícia (pele e olhos amarelados), fezes com gordura e dores na porção superior do abdômen que podem irradiar para as costas. Segundo Thiago, essa é uma “dor bem típica que chamamos de dor em faixa”.
Atualmente, não existem métodos de diagnóstico precoce estabelecidos para a população em geral, apenas para grupos de risco, como aqueles com pancreatites de repetição ou histórico familiar de câncer de pâncreas, mama ou próstata.
Fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença são o excesso de gordura, a falta de exercícios físicos, o consumo de álcool e o tabagismo, conforme aponta o oncologista.
Cirurgia e perspectivas de tratamento
O apresentador Edu Guedes foi submetido a uma cirurgia no último sábado (5) no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para a retirada de nódulos identificados durante uma investigação médica aprofundada.
Segundo o médico, cirurgias para remover tumores do pâncreas podem ser realizadas na cabeça, na cauda (considerada menos complexa) ou no corpo do órgão. Após o procedimento, todo o material é analisado para verificar as chances de recorrência dos tumores e para avaliar a necessidade de quimioterapia.
Essas cirurgias podem, inclusive, resultar na remoção total do pâncreas – o que exige o uso contínuo de medicação para manter suas funções – e de partes de outros órgãos, como estômago, intestino delgado e baço. “A ideia de qualquer cirurgia oncológica é que se retire todo o tumor com margens, para que não tenha nenhum resquício afetado pelo tumor ali, porque senão a chance de o tumor voltar é gigantesca.”
Apesar dos desafios, as técnicas cirúrgicas e as estratégias de tratamento contra a doença têm evoluído significativamente nos últimos anos, o que tem aumentado as chances de cura e de controle do câncer de pâncreas. “Hoje se discute bastante se não vale a pena fazer a quimioterapia antes, por exemplo, e com isso se reduz o tumor, facilitando a cirurgia”, conclui o oncologista.