Tumor mais comum entre as mulheres brasileiras pode se desenvolver de forma silenciosa, mas tem altas chances de cura quando diagnosticado precocemente
O Outubro Rosa, movimento internacional de conscientização sobre o câncer de mama, reforça a importância da prevenção e da detecção precoce da doença — considerada a mais comum entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que o câncer de mama é a principal causa de morte por tumores malignos na população feminina em todas as regiões do país, exceto no Norte.
Apesar dos números alarmantes, o risco pode ser reduzido com cuidados preventivos e acompanhamento médico regular. A doença é provocada pela multiplicação anormal de células na região das mamas, que formam tumores e, em casos avançados, podem se espalhar para outros órgãos. O desenvolvimento varia conforme o tipo do câncer — alguns evoluem rapidamente, outros de maneira mais lenta.
A boa notícia é que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento. Por isso, a observação de sinais e a realização de exames periódicos são essenciais.
Sinais de alerta: o que observar no corpo
De acordo com o INCA, os principais sintomas que podem indicar o surgimento do câncer de mama incluem:
- Caroço (nódulo) endurecido, fixo e, geralmente, indolor — presente em mais de 90% dos casos;
- Alterações no mamilo, como inversão ou feridas;
- Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
- Saída espontânea de secreção por um dos mamilos;
- Pele avermelhada, retraída ou com aparência de “casca de laranja”.
O câncer, no entanto, pode se desenvolver de forma silenciosa, sem sintomas visíveis nas fases iniciais. Por isso, consultas médicas regulares são indispensáveis. Embora rara, a doença também pode atingir homens — cerca de 1% dos diagnósticos, segundo o INCA.
Fatores de risco e medidas de prevenção
Três aspectos principais influenciam o surgimento do câncer de mama: comportamento, fatores hormonais e predisposição genética.
- Comportamentais: manter um estilo de vida saudável é fundamental. A prática regular de atividades físicas, a redução do consumo de álcool e a alimentação equilibrada ajudam a diminuir os riscos.
- Hormonais: condições reprodutivas e o uso de hormônios também interferem. Mulheres que tiveram menstruação precoce (antes dos 12 anos), primeira gestação após os 30, não tiveram filhos ou não amamentaram tendem a apresentar risco maior. A menopausa tardia (após os 55 anos), além do uso de contraceptivos orais e terapia de reposição hormonal, também exigem atenção.
- Genéticos: o histórico familiar de câncer é outro ponto de alerta. Filhos e netos de pessoas que tiveram a doença devem informar o médico e realizar rastreamento genético sempre que possível.
Mesmo sem fatores aparentes, qualquer pessoa pode desenvolver a doença, o que reforça a importância de exames como a mamografia anual a partir dos 40 anos.
Pandemia reduziu número de mamografias no Brasil
Durante a pandemia de Covid-19, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) registrou uma queda de 42% na realização de mamografias em 2020 em comparação com o ano anterior. O isolamento social afastou as pessoas dos hospitais, interrompendo o rastreamento preventivo.
“No geral, a conclusão que podemos chegar é que a pandemia agravou o cenário do rastreamento do câncer de mama no Brasil, que sempre caminhou abaixo do que preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso pode implicar no aumento do diagnóstico em estágios mais avançados”, afirmou uma especialista da entidade.
O oncologista Felipe Moraes, do Hospital Nove de Julho, alerta que o impacto desses atrasos será sentido nos próximos anos.
“Não há dúvidas que a pandemia atrasou uma série de diagnósticos oncológicos. Isso vai ter um impacto importante nos próximos anos, já que com o diagnóstico tardio o tratamento tende a ser mais mórbido e menos resolutivo”, explica.
Segundo Moraes, exames anuais como papanicolau, mamografia, ultrassonografia e toque são essenciais para detectar tumores precocemente, o que aumenta as chances de cura e reduz a mortalidade.