Ao sentar-me diante do computador, percebi que não era apenas mais uma tarefa de estudo.
Era um encontro comigo mesmo.
O propósito daquela semana soava simples, mas exigente:
“Ser mais indulgente comigo.”
Com minhas falhas.
Com minhas limitações.
Com minhas tentativas, tantas vezes recomeçadas.
Fechei os olhos. Orei.
Pedi ao meu mentor que me ajudasse a não me desviar do caminho do bem.
E algo começou a mudar: o coração se acalmou, a mente clareou, a ansiedade diminuiu.
Na leitura do Vinha de Luz, um trecho me tocou profundamente:
“É muito fácil falar aos que nos interpelam (…); todavia, dirigirmo-nos aos outros com prudência amorosa e tolerância educativa é tarefa complexa e enobrecedora.”
Ali estava a chave:
Não basta falar — é preciso falar com amor.
Não basta aconselhar — é preciso fazê-lo com humildade.
Descobri que, em qualquer lugar, posso estar influenciando alguém:
na família, no trabalho, na rua, ou até no silêncio de uma conversa simples.
A palavra pode ferir ou curar, humilhar ou levantar.
E foi nesse momento que outro estudo me envolveu:
“Fora da Caridade não há salvação.”
Frase curta. Profunda. Eterna.
Por muito tempo, imaginei que a salvação fosse um lugar —
Céu para os bons, inferno para os que erraram.
Mas o tempo e o aprendizado mostraram outra verdade:
nem Céu nem inferno são territórios distantes — são estados da alma.
O Céu floresce em nós quando a paz brota do bem que fazemos.
O inferno se instala quando deixamos crescer mágoas, culpas e egoísmos.
Percebi, então, que a salvação é um trabalho diário, feito de gestos e escolhas.
Ninguém nos condena. Ninguém nos absolve.
Somos nós que nos libertamos — ou nos aprisionamos.
E a caridade?
Ah… a caridade!
Tantas vezes repetida, e ainda tão pouco compreendida.
Não é apenas “fazer”. É “ser”.
Distribuir sopa, doar cestas, preparar palestras — tudo isso tem valor.
Mas a caridade verdadeira vive nos detalhes:
no sorriso que acolhe,
no perdão que silencia,
na palavra que não machuca,
na paciência de um gesto simples.
Jesus disse:
“Quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.”
Ele não falava só dos pobres de pão,
mas também dos pobres de afeto, de espírito, de esperança.
E quantas vezes passamos por eles… distraídos?
Hoje compreendo que humildade é reconhecer pequenos avanços.
Cada leitura, cada prece, cada esforço é um passo.
E cada passo nos aproxima de Jesus — mesmo que devagar.
Na escola da vida, não somos mestres. Somos aprendizes.
E é nesse aprendizado que a salvação acontece:
não como um destino distante, mas como o ser que estamos nos tornando.
A salvação é um estado interior.
A caridade é o caminho.
E quem caminha com humildade e amor…
caminha com Jesus — passo a passo, coração a coração.




