“Não existe estado democrático de direito, não existe nenhum país do mundo como referência de democracia […] Não existe isso na Europa. Isso só existe num país em que o governo é complacente com o crime. Essa é a realidade. Porque nós, em Goiás não temos a criminalidade que tinha há seis anos atrás, nós temos a melhor polícia do Brasil, mas também porque tem um governador que acompanha as ações da polícia pra polícia agir no estado”. Disse Ronaldo Caiado.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou oficialmente sua pré-candidatura à Presidência da República nesta sexta-feira (4), durante evento em Salvador, na Bahia.
Na ocasião, o gestor também foi homenageado com o Título de Cidadão Baiano, concedido pela Assembleia Legislativa local a partir de proposta do deputado estadual Sandro Régis, do mesmo partido.
A cerimônia reuniu nomes da direita e aliados de Caiado, como o senador Sergio Moro (União-PR), o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) e o vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto. Por outro lado, o presidente nacional da sigla, Antônio Rueda, não compareceu ao lançamento.
Durante seu discurso, Caiado destacou sua trajetória na área da segurança pública, fez críticas ao governo Lula e defendeu a autonomia entre os Poderes da República. O governador também afirmou que, caso seja eleito presidente, deixará o cargo estadual apenas em 2027, quando termina seu mandato atual.
Segurança como eixo central
Caiado utilizou sua gestão em Goiás como exemplo de combate ao crime, relatando as condições de violência no estado antes de sua posse e o que considera avanços na área.
“Quando eu falo de segurança pública eu não falo porque é apenas um segmento da responsabilidade do governador, eu falo porque eu sei que no estado democrático de direito quando se tem segurança pública se tem gestão plena. Ela deve ser analisada de forma transversal e naquele momento, quando eu recebi o governo, Goiás era a Disneylândia dos bandidos. Roubava-se pra todo lado, ninguém tinha paz, as facções tomavam conta. […] Aqui tem 10 cidades hoje na Bahia como as mais violentas do país. Goiás tinha as 4 primeiras cidades mais violentas do país quando Caiado assumiu o governo e foi naquela hora, na frente da minha tropa, na posse do governador do estado que eu disse.” Bradou Caiado.
‘O primeiro mandamento do governador Ronaldo Caiado é ou bandido muda de profissão ou o bandido muda de estado”, declarou.
Caiado também usou a Bahia como contraponto ao seu governo, ao mencionar que o estado possui atualmente dez das cidades mais violentas do país. Segundo ele, em Goiás não há espaço para invasões de propriedade.
“Lá em Goiás não tem negócio de abril vermelho, lá é abril verde amarelo. E ninguém se atreve a invadir propriedade rural no estado de Goiás. É segurança plena”, afirmou.
O pré-candidato ainda argumentou que facções criminosas comprometem o funcionamento do Estado democrático de direito, e fez referência à liberdade de circulação nos países europeus como parâmetro de segurança.
“Não existe estado democrático de direito, não existe nenhum país do mundo como referência de democracia […] Não existe isso na Europa. Isso só existe num país em que o governo é complacente com o crime. Essa é a realidade. Porque nós, em Goiás não temos a criminalidade que tinha há seis anos atrás, nós temos a melhor polícia do Brasil, mas também porque tem um governador que acompanha as ações da polícia pra polícia agir no estado”.
Críticas ao governo federal
Caiado dedicou parte do discurso para atacar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando o governo federal de não possuir um plano econômico estruturado e de transferir responsabilidades aos entes federativos.
“O Governo Lula não tem plano de governo. Ele não sabe pra que veio. Na hora que ele implanta uma taxa de juros de 14,25%, na hora que implanta o processo inflacionário no país ele toma duas medidas: que é característico do incompetente e de quem não gosta de trabalhar. Passar a responsabilidade para os estados e para os prefeitos. Problema da cesta básica é dos estados e dos prefeitos. Pelo amor de Deus lula, você não dá conta de governar, deixa a gente chegar lá e tomar conta desse país e botar comida na mesa do cidadão”.
Ao comentar a nomeação da deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a Secretaria de Relações Institucionais — embora sem citá-la nominalmente — Caiado ironizou sua atuação política.
“Aí vem o segundo golpe: agora tem uma líder lá, foi colega nossa no parlamento, no Senado, e todo mundo sabe que a única característica que ela tem é não saber articular e ele botou ela como Secretaria de Articulação política no governo. É um elefante em uma casa de louca”, criticou Caiado.
Autonomia dos Poderes
Ao final de sua fala, Caiado defendeu a preservação da liturgia do cargo presidencial e a necessidade de manter relações equilibradas entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
“Além da segurança, além da coragem de assumir a Presidência da República na sua plena prerrogativa de presidente, com a liturgia da presidente da república. Sabendo conviver com os demais poderes. Mas cada um nos seus limites e cada um sabendo que os poderes são autônomos, mas os poderes têm que ser harmônicos e não cabe enfrentamento de poderes na hora que nós queremos construir a paz em nosso país. Construir a convivência harmônica dos brasileiros”, afirmou.
União Brasil dividido
A ausência de nomes importantes do União Brasil, como o presidente da sigla, reforça os sinais de divisão interna em torno da pré-candidatura de Caiado. O partido abriga hoje ministros no governo federal e também possui alas mais próximas ao bolsonarismo, o que gera resistência à antecipação de um nome à disputa presidencial.
Caiado, por sua vez, defende a realização de prévias internas para definir o candidato oficial da legenda, como forma de democratizar o processo e consolidar sua imagem nacional, especialmente diante de dados que apontam baixo conhecimento popular sobre sua figura política.
