“O governador precisa exercer sua autoridade como comandante-chefe e afirmar com clareza: ‘A segurança do meu estado está sob meu comando’. Essa postura firme é essencial para proteger a população e impedir que o crime organizado avance”, declarou Caiado.
Em seu discurso, Caiado alertou para o risco da omissão institucional e enfatizou que a ausência de autoridade nacional abre caminho para o fortalecimento do crime organizado.
Durante participação no Fórum de Segurança Pública pelo Brasil, realizado nesta quarta-feira (26) em Brasília, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), fez críticas à condução da política de segurança pública por parte do governo federal e defendeu maior autonomia dos Estados no enfrentamento à criminalidade.
“O governador precisa exercer sua autoridade como comandante-chefe e afirmar com clareza: ‘A segurança do meu estado está sob meu comando’. Essa postura firme é essencial para proteger a população e impedir que o crime organizado avance”, declarou. Segundo ele, a negligência da União diante do avanço das facções representa uma ameaça à estabilidade do país. “A falta de autoridade no Brasil abre caminho para o crime. Se não reagirmos agora, corremos o risco de nos tornar a maior nação da América Latina sob o domínio do narcotráfico”, afirmou.
Caiado também criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita no Congresso e que pretende centralizar, sob comando federal, as diretrizes das polícias estaduais. Para o governador, a União já enfrenta falhas estruturais no enfrentamento ao tráfico de drogas, contrabando de armas e crimes financeiros — todos de competência federal. “O governo federal ignora sua própria responsabilidade no enfrentamento do crime organizado. O tráfico de drogas, o contrabando de armas e os crimes financeiros são questões federais, e a União tem falhado gravemente no combate a essas ameaças”, afirmou.
Críticas à PEC e apoio de especialistas
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), Sandro Avelar, apoiou os argumentos de Caiado e defendeu a competência dos Estados no tema. “A população quer a segurança pública garantida pelos Estados. O governo federal não pode tentar instituir regras ou definir diretrizes que entrem em contradição com a técnica da segurança pública sem ouvir os Estados”, pontuou.
Também participaram do debate o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e o procurador do Ministério Público do Rio de Janeiro, Marcelo Rocha Monteiro. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) destacou a crescente preocupação dos brasileiros com a criminalidade. “Todas as pesquisas indicam que a segurança já ultrapassou a educação e a saúde como o tema que mais preocupa a população”, afirmou.
Goiás como referência nacional
Caiado citou os resultados de Goiás na área de segurança pública como exemplo de que o combate ao crime depende de autonomia e investimentos contínuos. “Enquanto cidades são tomadas por facções, ônibus são sequestrados em plena luz do dia e atos de violência se espalham pelo Brasil, os goianos vivem uma realidade diferente. Isso acontece porque Goiás não se curvou ao crime”, afirmou.
Dados apresentados durante o Fórum indicam que o estado teve uma redução de 55% nos homicídios dolosos desde 2018, além de quedas expressivas em crimes como latrocínio (menos 84%) e roubo de carga (menos 97%). Desde 2019, mais de R$ 17 bilhões foram investidos em segurança pública, com foco em infraestrutura, capacitação e tecnologia.
O governador reiterou que o modelo goiano de enfrentamento ao crime organizado só é possível graças à autoridade plena do Estado sobre suas forças de segurança. “É fundamental garantir aos governadores a autonomia necessária para proteger seus cidadãos e enfrentar as ameaças que se impõem nas regiões”, concluiu.